João Gabriel Gouvêa-Silva é o autor principal da primeira pesquisa que propõe um padrão e discute métodos de preparação do óleo medicinal de Cannabis sativa L.
Além de discutir métodos e fazer um compilado de artigos internacionais, o pesquisador da APEPI também propôs um método padronizado de codificação e produção do óleo medicinal de Cannabis sativa L.
Método padronizado de preparação de óleo medicinal de Cannabis sativa L. com alto teor de canabinóides
O artigo chamado “Is There Enough Knowledge to Standardize a Cannabis sativa L. Medicinal Oil Preparation with a High Content of Cannabinoids?” foi publicado recentemente na revista Cannabis and Cannabinoid Research.
A pesquisa, que ainda não está disponível em português, foi fruto do trabalho de conclusão de curso da pós-graduação do pesquisador em Gestão da Inovação em Medicamentos da Biodiversidade, na Fundação Oswaldo Cruz.
Conexão de conhecimentos e proposta de um padrão: como surgiu a ideia de João
“A ideia surgiu justamente porque nos trabalhos da APEPI eu procurava fazer um método otimizado. E os trabalhos que encontrava não se conectavam, não geravam o conhecimento necessário para quem era novo na área ou para quem queria ter um conhecimento mais abrangente e crítico do assunto. Estava faltando ali uma conectividade de assuntos. Então, realizei uma revisão bibliográfica para o final do curso alinhada ao que faço na APEPI. Fazendo uma revisão dos métodos que estão disponíveis na literatura. E propondo um método mais otimizado e padronizado, visando o custo-benefício. O trabalho trata dos métodos que já foram publicados na literatura sobre extração de Cannabis e canabinoides. E nos resultados proponho um método otimizado para quem pretende produzir óleo de Cannabis medicinal padronizado”, explicou João com exclusividade para o Portal Cannabis & Saúde.
“Como brasileiro e como pesquisador da APEPI fiz esse trabalho de propor e discutir não somente a questão de química analítica. Mas visando o custo-benefício porque quando a gente fala de extração e produção do óleo a gente tem que falar muito do preço final que vai pro consumidor”, destacou.
Relevância da padronização da produção do óleo
“A importância da padronização da produção do óleo traz uma segurança para quem está prescrevendo o óleo e para os pacientes. No caso, saber da concentração de canabinoides que vão ter no produto final. Saber quantas miligramas tem de Canabidiol e quantas tem de THC. Ou seja, ter a segurança e conseguir fazer a prescrição e a utilização de um produto à base de Cannabis sabendo qual é a concentração desses marcadores químicos, que é o princípio ativo. Então quando você tem uma padronização na forma de preparo do óleo, você garante que os princípios ativos têm uma baixa variabilidade na concentração. A importância da padronização vem justamente para garantir a segurança e eficácia na terapia para o paciente”, destaca João sobre a relevância da pesquisa.
Um padrão de preparação do óleo de Cannabis
Da mesma forma, o farmacêutico indica a importância da segurança que uma estandardização de produção causa em todo o ecossistema envolvido na utilização do óleo: desde o médico prescritor ao paciente. Além disso, o objetivo da pesquisa foi garantir metodologias mais adequadas para alcançar um produto com alto teor de canabinóides e terpenos.
É possível padronizar uma metodologia extrativa de Cannabis otimizada?
Por fim, a pesquisa pioneira de João concluiu que “é possível padronizar uma metodologia extrativa de Cannabis otimizada, de baixo custo e eficaz a partir dos resultados encontrados na literatura; no entanto, isso dependerá de novas pesquisas para validação metodológica”.
Pesquisa educa e abre caminhos para o conhecimento no Brasil
A publicação é um primeiro passo. Pois a ideia é que o trabalho vá além do ambiente científico. E sirva como um ponto de partida: “Foi uma proposta para todos os brasileiros que forem trabalhar com Cannabis. Pois podem encontrar nesta pesquisa, de certa forma, um guia. Ou seja, um direcionamento de como trabalhar com a codificação e produção do óleo de Cannabis”, conclui João.