O We need to talk about Cannabis (WNTC) abordou os negócios, pesquisas clínicas, legislação e regulamentação sobre a Cannabis medicinal
A segunda edição do congresso We Need To Talk About Cannabis (WNTC) foi realizada nesta quarta-feira (8) com debates que focaram no mercado de Cannabis medicinal no Brasil. O congresso foi realizado no São Paulo Expo, na capital paulista, como parte da FCE Pharma, uma exposição internacional de tecnologia para a indústria farmacêutica.
Além da situação dos negócios da Cannabis no País, as palestras e debates abordaram a legislação sobre o tema com o Projeto de Lei 399 de 2015, que segue em tramitação; a importância dos testes clínicos e o recente entendimento regulatório da ANVISA sobre a possibilidade de produção de IFA (Insumo Farmacêutico Ativo) de Cannabis no país.
Na abertura do WNTC, Diego de Carvalho, vice-presidente da organizadora da PCE Pharma, NürnbergMesse Brasil, falou da importância do congresso. “Estamos trazendo para debate, de forma extremamente consciente, um tema de extrema relevância para o mercado farmacêutico e para o médico brasileiro”, afirmou.
Entre os destaques, a palestra “Impactos no Setor com o Avanço da Legislação”, que teve entre as palestrantes Alessandra Bastos, executive business da Tavares Office Legal IP e ex-diretora da Anvisa. No painel, discussões sobre os benefícios da cannabis medicinal para os pacientes, a judicialização para acesso ao insumo e o impacto econômico do setor para o Brasil. Além da ampliação de empregos no segmento e a necessidade de novos avanços legislativos e regulatórios.
“Quando nós temos uma regra clara, que vem da autoridade sanitária do país, no caso, a Anvisa, vemos um setor organizado, com critérios sanitários que vão nortear tanto a fabricação, como a distribuição e a comercialização”, afirma Alessandra. “Nisso a gente inclui a comunicação desses produtos não apenas para os pacientes como para todos que compõem esse mercado.”
“É fundamental que a agência faça a revisão da norma para que os ajustes necessários venham através da regra e para que o mercado se estabeleça de forma robusta e positiva, impedindo, principalmente, que os produtos ilegais ou de baixa qualidade circulem no país”, concluiu Bastos.
A importância da discussão ficou evidente com o depoimento da médica-veterinária Bruna Colhado, que trabalha com o desenvolvimento de produtos para animais. Para ela, o debate foi essencial para atualizar seu conhecimento sobre a legalização da Cannabis dentro da Anvisa.
“Foi importante entender como a Agência de Vigilância Sanitária enxerga esse segmento e quais os principais desafios frente ao mercado ilegal de cannabis”, disse Colhado. “ Esse debate nos dá força para procurar instituições confiáveis para a prescrição do ativo e, assim, oferecer segurança aos pacientes.”
Outro destaque do WNTC foi a discussão sobre os desafios de se realizar pesquisa clínica no Brasil, com Paula Dall Stella, médica e pesquisadora, especialista em radiologia e diagnóstico por imagem, com larga experiência na prescrição de Cannabis medicinal e fundadora da Sativa Global Education, plataforma de educação em endocanabinologia e Cannabis para fins medicinais.
Para Dall Stella, a dificuldade para a realização de pesquisas clínicas no Brasil começa já na formação dos médicos.
“Nós não temos a Cannabis medicinal na grade curricular das universidades. A própria fomentação da pesquisa científica dentro das instituições é limitada”, revela a médica. “Muitos países ainda consideram a Cannabis um narcótico e, por isso, comitês de ética das universidades acabam não aprovando estudos relacionados à Cannabis nesses lugares”, afirma.
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