“Toda a farmácia no Brasil já é um dispensário de Cannabis”, afirma Fábio Costa, farmacêutico, coordenador no GT farmacêutico da ABICANN, Associação Brasileira das Indústrias de Cannabis, e cofundador no GEFCaP, Grupo de Estudos Farmacêuticos em Cannabis e Psicodélicos.
Além da questão do acesso à Cannabis no Brasil, outro tema que pode gerar dúvidas em pacientes é o conceito dos dispensários dos produtos vendidos aqui no país.
Conversamos com exclusividade com Costa, que apresentou sua visão sobre o atual panorama dos dispensários de produtos de Cannabis no Brasil. A visão do farmacêutico é uma ponderação acerca do anúncio da chegada da “primeira farmácia de Cannabis” no Brasil, realizado recentemente por parte de uma healthtec.
Toda a farmácia no Brasil já é um dispensário de Cannabis
“No Brasil a gente realmente tem todas as farmácias brasileiras como pontos de dispensação de medicamentos, incluindo produtos de Cannabis. A dispensação é um ato privativo previsto na Lei 5.991 onde o farmacêutico faz o atendimento ao paciente através de uma prescrição médica, orientando sobre o uso racional do produto, analisando se existe incompatibilidades na prescrição em relação à conciliação terapêutica, quer dizer outros medicamentos que possa estar usando, entre horários de uso e interações medicamentosas. Então a dispensação envolve a relação do paciente, do profissional que tem a atribuição de dispensar para a segurança e eficácia deste tratamento”.
Número de farmácias no Brasil
“Tem que entender que no Brasil nós temos 85 mil, aproximadamente, pontos de dispensação, que são as drogarias. E se somar as farmácias de manipulação vai dar aproximadamente 93 mil na ótica da área privada. E se a gente colocar todos os pontos de dispensação do SUS, amplifica este número. Então é muito importante fazer uma análise de como a dispensação no Brasil hoje é feita. E como que produtos de Cannabis, essa nova classe terapêutica, pode vir a melhorar gaps que existem na dispensação”.
Setor da saúde no Brasil
“O setor de saúde é complexo, o tratamento é uma parte da possibilidade de cuidado aos pacientes. Até chegar neste momento, etapas qualitativas são necessárias. Em se tratando de terapia farmacológica, é importante destacar o papel dos farmacêuticos, os profissionais habilitados em assegurar produtos com eficácia e segurança, para após uma consulta clínica com o prescritor, haver a chamada dispensação, que é o aviamento de uma receita, com orientação para adesão e sucesso do tratamento. Etapa essa fundamental e assumida como corresponsabilidade legalmente, também pelos farmacêuticos”.