Você sabia que ao utilizarmos qualquer tipo de medicamento, devemos ter cuidado com quais são as interações que eles têm com outros remédios que venhamos a usar? Com o CBD e as interações medicamentosas não é diferente – elas precisam ser avaliadas com cuidado antes de começar um tratamento.
As interações medicamentosas são fenômenos que ocorrem naturalmente quando você utiliza mais de um tipo de medicamento ao mesmo tempo. É possível que haja também interações entre os medicamentos com alimentos ou bebidas.
Um caso clássico de interação medicamentosa é o seu uso em conjunto com bebidas alcoólicas – muitas vezes o álcool pode cortar o efeito dos remédios ou até mesmo trazer algum efeito colateral indesejado.
Além disso, o uso de medicamentos como os antibióticos podem ser prejudiciais à mulheres que usam determinados tipos de anticoncepcionais, pois podem cortar o efeito destes últimos.
Com esses dois exemplos, é provável que você tenha entendido sobre os porquês das interações medicamentosas terem a necessidade de serem bem avaliadas e conhecidas antes de iniciar um tratamento.
Por isso, se você está começando um tratamento à base de CBD, é importante avaliar as interações medicamentosas de modo a otimizar ao máximo os efeitos do tratamento, bem como manter a segurança no uso das substâncias canabinoides.
Se você quer entender melhor sobre como se dão as interações medicamentosas e o CBD, continue lendo.
Neste artigo vamos detalhar sobre os principais efeitos e riscos no uso de medicamentos à base de CBD com outros medicamentos, alimentos ou álcool.
O que são as interações medicamentosas?
As interações medicamentosas são as reações que dois (ou mais) medicamentos podem oferecer entre si.
Normalmente estão associadas à redução de eficácia de um determinado tratamento ou até mesmo à elevação de riscos para efeitos colaterais.
Além das interações entre medicamentos, esse fenômeno pode ocorrer também com alimentos, bebidas e suplementos.
Há ainda um terceiro tipo de interação medicamentosa, que é quando você está submetido a uma determinada condição médica e utiliza um medicamento para outro motivo.
Por causa deste terceiro tipo é que geralmente são feitos questionários ao entrarmos em qualquer tipo de atendimento médico.
Nele, normalmente os médicos ou enfermeiros nos perguntam se temos alergias a algum medicamento, se temos pressão alta, diabetes ou algum outro tipo de problema de saúde.
Atualmente, boa parte das interações medicamentosas são conhecidas. Afinal, antes de um medicamento ser aprovado para uso, ele normalmente já foi submetido a testes clínicos em pacientes humanos, que avaliam também este fator.
Quais são os riscos das interações medicamentosas?
Quando você toma mais de um remédio, é importante conhecer as possíveis interações medicamentosas entre eles.
Embora nem toda interação desse tipo seja ruim, as consequências podem trazer riscos iminentes tanto a curto quanto a longo prazo.
Estes riscos se tornam ainda mais elevados quando caímos na tentação de nos automedicar. Quando fazemos a automedicação e não temos o conhecimento suficiente para isso, é possível que estejamos reduzindo os efeitos de um remédio quando complementamos o seu uso com outro, por exemplo.
Além disso, pode haver danos tanto à nossa saúde como à nossa disposição no dia-a-dia. Os principais efeitos que podem acontecer nas interações medicamentosas incluem:
- Dores de cabeça persistentes;
- Náuseas;
- Tonturas;
- Fadiga;
- Aumento ou redução da pressão sanguínea;
- Fraqueza muscular;
- Sonolência;
- Aumento da frequência cardíaca;
- Dificuldades respiratórias;
- Tremores;
- Problemas no fígado e no estômago;
- Ansiedade
Como dissemos anteriormente, boa parte das interações medicamentosas podem ser evitadas ao evitar maus hábitos como a automedicação.
Confira algumas outras formas de evitar estes riscos:
Como evitar os riscos das interações medicamentosas?
Para evitar os riscos das interações medicamentosas, é muito importante que o paciente entenda que a automedicação implica em riscos à saúde e, por isso, todo cuidado é pouco.
É importante, por exemplo, que antes de ingerir qualquer medicamento por conta própria, o paciente leia a bula, sobretudo a parte que consta sobre essas interações.
Além disso, é importante lembrar que não há remédio milagroso e perfeito – praticamente todos eles apresentam algum tipo ou nível de efeito colateral.
Nesse sentido, misturar medicamentos sem nenhum critério pode ser bastante prejudicial.
Por isso, sempre que possível e necessário, não hesite em consultar um profissional de saúde para verificar sobre qual de fato deve ser o medicamento utilizado por você.
Por fim, respeitar as dosagens máximas ou receitadas pelo seu médico também reduzem os riscos de interações medicamentosas que sejam danosas ao seu corpo ou organismo.
Não são poucos os casos de pessoas que acreditam que um remédio para dor fará efeito mais rápido (ou de forma mais intensa) se o tomarem em uma dose mais elevada.
Um caso clássico disso são as pessoas que chegam até a dobrar a quantidade de gotas da dipirona, acreditando que vão sentir alívio mais rapidamente e que aquele remédio é inofensivo.
Portanto, se você quer evitar qualquer tipo de interação medicamentosa prejudicial, é necessário contar com o auxílio de um profissional habilitado e respeitar as doses receitadas por ele (ou indicadas pelo fabricante, quando falamos de um medicamento de venda livre).
Tipos de interações medicamentosas
Como dissemos anteriormente, existem alguns tipos de interações medicamentosas. Abaixo, a explicação sobre elas:
Medicamento com medicamento
Esse é o tipo de interação medicamentosa mais comum, que acontece quando há uma mistura de dois ou mais medicamentos diferentes no organismo.
O efeito mais comum de interação medicamentosa desse tipo é a oposição (ou antagonismo), que é quando há a anulação do efeito de um dos medicamentos (ou até mesmo todos eles) por sua ingestão em conjunto.
Entretanto, pode haver casos em que o uso destes medicamentos em conjunto, pode haver casos em que há efeitos como:
Duplicação: Se um paciente está fazendo um tratamento e utiliza dois ou mais medicamentos para obter os mesmos efeitos benéficos, os efeitos colaterais também podem ser duplicados.
Isso ocorre porque, muitas vezes, por usarem os medicamentos de forma indiscriminada, o paciente não percebe que está usando o mesmo princípio ativo em ambos os medicamentos.
Afinal, o que não falta no mercado são medicamentos sendo vendidos com nomes comerciais diferentes, mas que no fundo fazem a mesma função.
Por isso, é importante que, mesmo com medicamentos sem prescrição, leia-se o rótulo, a bula e consulte um farmacêutico ou médico para verificar sobre a possível duplicação.
Medicamento com alimentos ou bebidas
Os alimentos (bem como as bebidas) também podem causar interações medicamentosas.
Isso acontece devido ao fato da maior parte dos medicamentos, assim como as comidas e bebidas, serem administrados por via oral, que posteriormente passarão pelo estômago ou pelo intestino delgado.
Dependendo do tipo de alimento consumido ou o intervalo entre a refeição e administração do remédio, pode haver uma diminuição do efeito, visto que a absorção dele pelo estômago estará comprometida.
Por isso, a ingestão de vários medicamentos são recomendáveis apenas antes ou após um determinado tempo das refeições. Normalmente, estes prazos variam entre 1 a 2 horas.
Medicamento com drogas (lícitas ou ilícitas)
Por fim, há a possibilidade de enfrentamento de problemas na interação medicamentosa com a utilização de drogas ilícitas ou até mesmo as lícitas (caso do fumo de tabaco e o álcool, por exemplo).
Em boa parte dos tratamentos, o uso de tabaco de forma concomitante pode trazer riscos ou fazer com que o tratamento não tenha a eficácia esperada.
Por outro lado, quando se utiliza álcool em conjunto com alguns medicamentos, pode haver, além da anulação dos efeitos, lesões no fígado, em caso de uso recorrente.
Um caso em que isso é comum é na associação de paracetamol e álcool de forma contínua.
O que é a Cannabis medicinal e o canabidiol (CBD)?
A Cannabis é uma planta repleta de metabólitos. Essas moléculas produzidas pela planta podem possuir efeitos psicoativos e fisiológicos. Assim, graças a seus efeitos psicoativos, a planta tem sido utilizada há séculos com objetivo recreativo.
Por outro lado, seus efeitos psicoativos e fisiológicos também podem atuar como agente farmacológico.
Dessa forma, a Cannabis medicinal pode ser compreendida como os agentes farmacológicos utilizados para reduzir sintomas ou condições fisiológicas.
Essa potencial ação da Cannabis está associada ao nosso sistema fisiológico graças ao sistema endocanabinoide presente no organismo humano.
Esse sistema é composto de receptores celulares (CB1 e CB2) que estão espalhados em células de diversos órgãos, inclusive cérebro.
Uma vez que existem esses receptores, as moléculas exógenas (canabinoides) presentes na cannabis podem induzir respostas neste órgãos. Já foram mapeadas cerca de 100 fitocanabinoides (oriundos da cannabis) capazes de atuar nesses receptores.
Dentre as principais moléculas estudadas na Cannabis medicinal está o canabidiol (CBD).
Quais são os efeitos do CBD?
O canabidiol (CBD) é um fitocanabinoide presente na Cannabis que não tem propriedades psicoativas, ou seja, é incapaz de deixar quem o consome de forma isolada “chapado”.
Em contraponto, já foi observado que o CBD possui propriedades anti convulsiva, ansiolítica, anti-inflamatória, e neuroprotetora (proteção das células neurais).
- Anticonvulsivo: em estudos em organismos modelos, o CBD mostrou-se capaz de atuar no sistema nervoso reduzindo a velocidade dos impulsos nervosos;
- Ansiolítico: estudos apontam que o uso do CBD aponta melhoras em tratamentos de pacientes que sofrem de distúrbios ansiosos como crises do pânico, ansiedade de separação e até mesmo distúrbio obsessivo compulsivo;
- Anti-inflamatório: graças ao sistema endocanabinóide, o CBD é capaz de atuar impedindo a síntese de diversas moléculas inflamatórias como interleucina e prostaglandinas.
- Neuroproteção: estudos mostram que o sistema endocanabinóide está associado com a resposta ao estresse oxidativo celular. Esse estresse pode ser reduzido nas células através da ingestão de substâncias antioxidantes, como o CBD.
Ou seja, através de diferentes atuações do sistema endocanabinoide, o CBD pode atuar a fim de manter o equilíbrio fisiológico (homeostase).
Quais problemas de saúde o CBD ajuda a combater?
O CBD possui um potencial terapêutico imenso. Entretanto, a ilegalidade da cannabis por muitas décadas ao redor do globo não só impediu estudos aprofundados sobre o assunto anteriormente como também gerou uma certa desconfiança acerca do uso medicinal da planta.
Contudo, a partir do final do século passado seu potencial começou a ser investigado, e já existem estudos nos quais o CBD é utilizado para o tratamento de várias doenças:
- Dor crônica: o CBD possui efeitos analgésicos potentes capazes de aliviar a dor;
- Câncer: o CBD é capaz de reduzir os efeitos de náusea e vômito causado pelo tratamento de quimioterapia;
- Ansiedade: o CBD possui capacidade ansiolítica
- Obesidade: o sistema endocanabinoide está relacionado com a regulação metabólica;
- Síndrome do intestino irritado;
- Epilepsia: reduz os episódios de crise epiléptica/convulsiva;
- Espasmos associados a esclerose múltipla e fraturas na coluna: o CBD é capaz de induzir o relaxamento muscular;
- Mal de parkinson: as características neuroprotetoras do CBD podem auxiliar na redução da progressão da doença, além de reduzir os movimentos involuntários através do relaxamento muscular;
- Glaucoma: auxilia na redução da pressão intra-ocular;
- Insônia: o CBD tem a capacidade de melhorar a qualidade do sono e reduzir o tempo necessário para dormir.
Quais os efeitos colaterais do uso de canabidiol?
Um dos pontos positivos da cannabis medicinal para o tratamento de doenças são os efeitos colaterais. Normalmente, os fármacos contam com uma nota extensa de efeitos adversos que vão desde náusea e diarréia até efeitos mais graves como aumento do risco cardiovascular, falência renal e depressão.
Entretanto, é preciso ter em mente que o tratamento utilizando canabidiol também pode gerar efeitos colaterais. Assim, o que diferencia o CBD perante os fármacos sintéticos é a gravidade e frequência desses efeitos adversos.
- Redução no ganho de massa corporal;
- Letargia;
- Redução da atividade hepatocítica (isso não significa que é danoso para o fígado, apenas que o rim funciona de forma lenta após a administração do CBD);
Quem não pode usar canabidiol?
A medida que o potencial medicinal do CBD têm sido estudado, diversos grupos participaram dos testes. Assim, alguns estudos avaliam o CBD em jovens, outros em adultos e idosos.
Ou seja, o CBD é tolerado por pacientes de diferentes faixas-etárias com diferentes históricos familiares. Por isso, são poucas as restrições impostas acerca de quem pode utilizar o CBD.
Dessa forma, aconselha-se que o medicamento apenas não pode ser utilizado por pacientes usuários de drogas de abuso e em crianças menores de dois anos de idade.
Quanto às grávidas e lactantes, não existem estudos suficientes que demonstram os benefícios e malefícios no feto.
CBD com outros medicamentos: como funcionam tais interações medicamentosas?
Um dos principais tópicos a serem avaliados quando é iniciado o tratamento com CBD é a possibilidade de interação medicamentosa.
Afinal, a Cannabis medicinal tem sido considerada um complemento aos tratamentos farmacológicos tradicionais.
Ação do CBD e interações medicamentosas no organismo
Devido ao sistema endocanabinoide, o CBD pode agir em diversas células do corpo. Dentre elas estão os hepatócitos – células do fígado.
Estudos nesse sentido, observaram que o CBD atua ligando-se a uma enzima presente nos hepatócitos. Essas enzimas são fundamentais para o metabolismo de medicamentos.
Por isso, uma vez que o canabidiol liga-se a essa enzima, ela não pode mais concluir a degradação do fármaco, o que aumenta sua concentração plasmática.
Ou seja, pode aumentar a concentração do fármaco em sua corrente sanguínea, consequentemente, potencializando sua ação.
Além disso, outra forma de interação medicamentosa foi observada in vitro. Essa interação ocorre porque o CBD pode inativar alguns transportadores importantes no tratamento de câncer.
Essa inativação resulta em um aumento na concentração desses químicos dentro da célula do paciente.
Ou seja, assim como no caso dos hepatócitos, pode levar aumentar a biodisponibilidade dos medicamentos utilizados para o tratamento de câncer.
Ademais, vale ressaltar que os medicamentos utilizados em tratamentos para câncer possuem uma baixa janela de administração. Assim, essa interação com o CBD pode resultar em overdose ou aumento na toxicidade celular.
Como fazer tratamento com CBD e interações medicamentosas com segurança?
Assim como qualquer medicamento, o uso do CBD para tratamento de doenças deve ser recomendado por um médico que tenha conhecimento da terapia.
Dessa forma, antes de iniciar o tratamento utilizando o CBD, é importante que o médico responsável pelo seu tratamento tenha conhecimento tanto da sua condição quanto dos remédios utilizados.
A partir daí, o clínico será capaz de avaliar qual a dosagem, forma de administração, e regularidade que o CBD deve ser administrado.
Comumente, o tratamento com CBD é progressivo: é iniciado com pequenas doses do canabidiol e essas doses vão aumentando ou diminuindo gradativamente de acordo com a resposta de cada paciente.
Por isso, para realizar o tratamento do CBD com segurança é sempre aconselhável a consulta com um clínico especializado.
Como conseguir medicamentos à base de Cannabis medicinal?
O uso de medicamentos à base de Cannabis medicinal já é uma realidade no país, de forma legal e prática, de acordo com as legislações dos órgãos competentes.
Prova disso é a regulamentação RDC 660, da Anvisa, que aponta sobre a necessidade de consulta e prescrição médica para o tratamento à base de substâncias canabinoides, como por exemplo o CBD.
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Conclusão
Como você pôde conferir ao longo deste artigo, a utilização de medicamentos pode ter implicações quando não se conhece ou ignora-se o risco das interações medicamentosas.
Por isso, é muito importante que qualquer tratamento de saúde seja feita com o auxílio de profissionais médicos, que irão orientar sobre as doses a serem administradas de cada medicamento, bem como apontar possíveis efeitos colaterais e associações perigosas.
Nesse sentido, como qualquer outro tipo de medicamento, o CBD em sua forma medicinal também pode apresentar interações medicamentosas.
Assim, é importante que antes de iniciar o tratamento, o médico faça as orientações sobre o uso correto de CBD e quais outros medicamentos ou hábitos devem ser evitados.