A médica Camila Sampaio tratou primeiro a mãe, depois a si mesma, e agora são seus pacientes que colhem os benefícios dos canabinoides
A vida é feita de conexões: uma coisa vai ligando na outra, as associações se transformam e criam novas redes, novos laços. E é assim, com uma coisa puxando a outra, a geriatra e endocrinologista Camila Sampaio construiu sua carreira.
Formada em medicina familiar, trabalhou desde sempre muito próxima às pessoas. Como percebeu que boa parte de seus pacientes eram idosos, decidiu se especializar em geriatria. Depois, notou a necessidade de conhecer mais sobre endocrinologia, para cuidar dos pacientes com diabetes. A partir daí, suas investigações a levaram à chamada medicina alternativa. Primeiro com a terapia ortomolecular — um tipo de tratamento que visa manter o equilíbrio dos nutrientes no corpo — e, mais tarde, com a Cannabis medicinal.
A demanda pelos canabinoides veio dos pacientes, mas os primeiros testes – e os primeiros resultados — vieram com a mãe da doutora Camila Sampaio. “Minha mãe tem 77 anos, e há uns 3 anos percebi que ela estava começando a ficar muito repetitiva, começando a esquecer das coisas”, lembra Sampaio. “Como trabalho como geriatra, observei que ela estava com um transtorno cognitivo leve.”
De início, Sampaio introduziu a terapia convencional para tratamento da mãe, mas percebeu que a resposta não era satisfatória. “Comecei a pesquisar outras coisas, descobri a Cannabis medicinal e minha mãe acabou sendo minha primeira paciente”, conta. “Fiz o curso de prescritora e comecei a prescrever para ela. Como vi que os resultados eram bons, comecei a prescrever para meus pacientes. E comecei a usar também.”
Depois da mãe, foi sua vez. Como sua “segunda paciente”, Sampaio começou a tratar sua insônia crônica e a dor decorrente das 5 hérnias de disco que tem na coluna. “Eu tomava remédio para dormir, e a dor das hérnias não paravam nem fazendo muita atividade física”, Sampaio resume seu quadro. “Com a Cannabis medicinal, consegui desmamar de todos medicamentos que tomava, e os retirei completamente.”
“A gente não tem nada a perder”
O benefícios que Sampaio sentiu na pele, constatou também em seus pacientes.
Um dos casos que mais chamou sua atenção foi de uma senhora idosa do Piauí, que atendeu via telemedicina. A paciente tinha uma demência bastante avançada, e sua relação com a família estava complicada — vivia agitada, não dormia nem conversava mais com ninguém. “Não foi um ajuste fácil”, recorda Sampaio. “Tivemos que mudar de óleo, para um balanceado, com THC e CBD, e aí a gente começou a ter uma boa resposta.”
Em pouco tempo, a filha da paciente mandou um vídeo para a médica, mostrando a mãe tranquila em casa, costurando à máquina e cantarolando a música que ouvia no rádio — um hábito que havia perdido com o agravamento da doença.
Outro caso que Sampaio relata foi de uma mulher com doença de Huntington — condição que afeta o sistema nervoso central, comprometendo as capacidades motoras e cognitivas, bem como impactando o humor e o equilíbrio emocional dos pacientes. Quando o filho da paciente procurou Sampaio, também por telemedicina, a mãe já estava em estado avançado; a Cannabis medicinal seria um último recurso. No entanto, antes de iniciar o tratamento, o quadro da paciente piorou, e ela acabou sendo internada.
No hospital, a situação foi piorando gradativamente, e a internação de prolongou. Ela parou de se alimentar sozinha, e os médicos do hospital queriam fazer uma sonda por meio de uma gastrotomia — intervenção cirúrgica que tem como objetivo acessar diretamente o estômago da paciente. O filho reagiu, não queria que a mãe sofresse uma intervenção tão invasiva, e decidiu, iniciar o tratamento com Cannabis medicinal, mesmo com a mãe internada. “A gente não tem nada a perder”, aconselhou Sampaio.
Uma semana depois, a mulher apresentou uma grande melhora, passando a se alimentar sozinha. Um tempo mais tarde, o filho enviou para Sampaio um vídeo da mãe, já em casa, sentada à mesa, comendo tranquila. “É uma doença crônica e degenerativa, não há cura. Mas ela melhorou bastante, e hoje está em casa, bem controlada, usando apenas a Cannabis medicinal”, finaliza a médica.
Desmame
Segundo Sampaio, o tratamento com Cannabis medicinal é gradual: primeiro em associação com os medicamentos convencionais; depois, notando uma evolução no quadro do paciente, inicia-se o desmame das alopatias mais agressivas, visando diminuir os efeitos colaterais.
“Faço o desmame de um medicamento por mês, pois o paciente pode sofrer de abstinência. Então é preciso acompanhar de perto, ajustando a dose dos fitocanabinoides, para não prejudicar o paciente”, conta a médica. “A maioria dos meus pacientes tomam medicamentos antidepressivos, antipsicóticos. Geralmente conseguimos reduzir muito as doses dos alopáticos. Muitas vezes retiramos totalmente os medicamentos. Os pacientes reagem de forma satisfatória, o tratamento funciona muito bem.”
Conselho
Em sua relação com colegas, Sampaio percebe que, apesar de ainda haver alguma resistência na classe médica, a abertura é cada vez maior. “Vários colegas entram em contato comigo, indicam pacientes para o tratamento com Cannabis medicinal. Mesmo que eles não queiram prescrever, entendem que é uma alternativa viável para os pacientes”, explica. “Os resultados mostram por si só que funciona. Então acredito que a tendência é que cada vez mais médicos comecem a se interessar e querer aprender mais sobre o assunto.”
Para quem ainda tem um pé atrás, Sampaio deixa um recado. “É normal que as pessoas tenham medo do que é novo”, avalia. “Mas tem muita informação disponível. Recomendo que quem tem interesse vá pesquisar e se inteirar sobre o assunto. Procure um médico prescritor e veja se sua condição pode ser tratada com Cannabis medicinal. Muitas vezes pode ajudar o paciente a ganhar muita qualidade de vida. Não tem que ter medo: tem que se informar e experimentar. Se der certo, ótimo.”
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