A médica Mariana Nery explica como a Cannabis pode ajudar no tratamento psiquiátrico e as vantagens em relação aos remédios tradicionais
Diante os múltiplos benefícios medicinais da Cannabis, muitos a veem como uma panaceia. “Não existe nenhuma fórmula mágica”, garante a médica Mariana de Souza Nery. “É preciso avaliar a situação e agir de acordo com o que se apresenta. Tudo em seu tempo, respeitando os desejos e a visão de mundo de cada um.”
Formada em medicina pela Universidade Estácio de Sá e em psiquiatria pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Nery tem também uma subespecialização em neuropsicogeriatria, pela Federal do Rio de Janeiro. Ao longo de toda sua formação e carreira profissional, sempre esteve atenta a uma área que conhecia pouco, mas vinha crescendo bastante: a Cannabis medicinal.
“Foi com a pandemia que comecei a me dedicar mais a esse assunto”, conta a médica. “Como tinha mais tempo, comecei a me abrir mais para essa modalidade da medicina, fiz cursos, me interessei bastante.”
Com a introdução da fitocanabinoides em seu repertório, Nery viu sua vida profissional mudar. “Eu comecei a prescrever Cannabis medicinal há um ano. É muito interessante, você vê o resultado”, afirma. “Muitos pacientes já chegam buscando a Cannabis medicinal. Pessoas que já passaram por tratamentos tradicionais e têm medo dos efeitos colaterais.”
Para Nery, é importante colocar a considerar sempre a menor ocorrência e intensidade dos efeitos colaterais da Cannabis, mas o tratamento com fitocanabinoides não vai substituir a terapia tradicional em todos os casos.
“É difícil fazer uma comparação entre a Cannabis medicinal e os medicamentos alopáticos, porque cada indivíduo responde de uma forma”, avalia a médica. “No tratamento alopático, a gente segue protocolos, é um tratamento baseado em evidências científicas. Mas também conhecemos os efeitos colaterais desse tipo de medicamento.”
Na área da psiquiatria, os efeitos colaterais mais comuns são diminuição de libido, maior propensão a obesidade, espinhas. Justamente esse conjunto que os pacientes temem. “Todo tratamento que a gente faz tem que colocar na balança e a Cannabis não tem esses efeitos colaterais.”
“Muitas vezes a Cannabis medicinal entra como adjuvante”— ou seja, vem para agir em conjunto com o tratamento convencional, otimizando o funcionamento das alopatias.
Mariana Nery e a Cannabis na prática do tratamento psiquiátrico
Um caso de tratamento que marcou a trajetória de Nery é justamente dessa delicada composição entre a medicina tradicional e a Cannabis medicinal. Uma paciente com depressão ansiosa vinha, como é comum nesses casos, com uma longa e antiga prescrição de medicamentos alopáticos.
Tendo passado de médico em médico, a paciente não estava satisfeita com os rumos do tratamento, até que Nery conseguiu introduzir fitocanabinoides em seu quadro de forma bastante efetiva.
“A partir da entrada da Cannabis medicinal, ela começou a responder muito bem”, recorda Nery. “Os sintomas depressivos e ansiosos foram diminuindo, e fizemos um ajuste importante na alopatia. Conseguimos limpar bastante a prescrição dela. Era uma prescrição muito grande, vinha de longa data. Conseguimos enxugar bastante a partir da melhora dos sintomas, tudo graças à Cannabis medicinal.”
Para quem não é médico nem está acostumado com um tratamento à base de antidepressivos, essa substituição pode parecer simples: você pega outro medicamento, que age mais ou menos da mesma forma que o outro, e troca — como se faz com um analgésico. Nesses casos, as coisas não são bem assim.
“Na maioria dos medicamentos usados na psiquiatria existe uma grande dificuldade de retirada”, explica a médica. “Os pacientes sofrem com síndrome de descontinuidade. Uma coisa que acontece é quando o paciente, por exemplo, vai viajar no fim de semana e esquece o medicamento. Ele entra em desespero à procura do medicamento, e muitas vezes vai parar na emergência só porque esqueceu de tomar por alguns dias.”
Com a Cannabis medicinal, isso não existe. “O paciente se sente mais autônomo no tratamento quando usa Cannabis medicinal. Se ele esquecer ou não puder tomar a medicação um dia ou outro, o impacto não vai ser tão grande.”
Essa autonomia do paciente é presente desde o primeiro contato, afirma a médica. “Eu aprendo muito com meus pacientes, mas ainda mais com meus pacientes que buscam o tratamento da Cannabis medicinal. São pacientes muito curiosos, que já pesquisaram, se informaram. São muito antenados, sempre temos uma troca bastante interessante.”
De acordo com Nery, o principal diferencial no ambiente que envolve a Cannabis medicinal é a abertura que as pessoas têm ao novo. “É sempre importante ampliar o campo de visão, estar atento às mudanças do mundo. A Cannabis medicinal é uma dessas mudanças, ela está acontecendo ao redor do mundo, então precisamos estar atentos.”
E para colegas médicos que ainda têm um pé atrás em relação aos fitocanabinoides, Nery deixa seu testemunho. “Cada um tem seu tempo, mas eu gosto de dizer como está sendo minha experiência. Ainda estamos quebrando certos estigmas que envolvem a Cannabis, mas de um ano pra cá eu vejo cada vez mais colegas, de diferentes áreas, inclinados a fazer uso desse tratamento. Por mais que haja pessoas reticentes, o caminho se mostra um sucesso.”
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