Controle da dor, melhora do sono e do humor, anti-inflamatório… são muitos os benefícios do tratamento com canabidiol
Dentre as centenas de compostos da Cannabis, o Canabidiol (CBD) é um dos mais abundantes. A descoberta do sistema endocanabinoide é um dos fatores que motivou os estudos em torno deste composto, com resultados considerados satisfatórios.
Neste texto, vamos explicar em detalhes sobre o canabidiol, ressaltando suas diferenças em relação ao THC. Além disso, falaremos sobre o funcionamento do sistema endocanabinoide, destacando 10 razões para a inclusão do CBD no dia-a-dia. Continue lendo!
O que é o Canabidiol
O CBD é um composto não psicoativo da Cannabis. Sua quantidade na planta é em torno de 40%, possuindo um elevado potencial terapêutico. Uma das maneiras de ministrar o CBD é por meio de um óleo, sendo que o FDA (Food and Drugs Administration) aprovou o uso do Epidiolex, medicamento à base de Canabidiol. O remédio citado tem por finalidade tratar quadros graves de epilepsia.
Além disso, houve um experimento onde o CBD se mostrou efetivo no tratamento de convulsões. Na ocasião, datada de 1843, foi ministrado o canabidiol a uma bebê de apenas um mês e dez dias de vida, que sofria de crises convulsivas. O médico irlandês O’Shaughnessy usou uma gota de tintura de resina à base de Cannabis. De início, a recém-nascida aparentemente não reagiu, mas o médico usou mais duas gotas após uma hora e meia. Desta vez, ela caiu no sono e só acordou no dia seguinte, permanecendo quatro dias sem sofrer crises convulsivas.
As convulsões voltaram, mas o médico aumentou para 30 gotas o tratamento, agora usando uma tinta fresca. Dessa forma, a bebê voltou a dormir profundamente, e segundo O’Shaughnessy, ela não teve mais nenhuma crise depois disso.
A diferença entre CBD e THC
O THC (Tetrahidrocanabinol) é o composto mais abundante da Cannabis. No entanto, ao contrário do CBD, ele possui efeitos psicoativos. Em outras palavras, ele pode ser consumido de forma recreativa, causando aquela sensação de “brisa” no indivíduo.
Embora também tenha importantes propriedades medicinais, o THC é menos usado para esse fim, em relação ao CBD. Por consequência, o Canabidiol não gera dependência no indivíduo, sendo também usado para outras aplicações, como:
● pomadas;
● cremes;
● comestíveis, como biscoitos e chocolates.
Sistema endocanabinoide
O sistema endocanabinoide possui relação direta com a homeostase (equilíbrio) do corpo no nível celular. Além disso, ele conecta todos os órgãos e sistemas do indivíduo, sendo que merecem destaque os receptores CB1 e CB2. Ambos podem ser encontrados no cérebro, sendo que o CB1 fica no SNC (Sistema Nervoso Central) e o CB2 na região periférica.
O CBD tem um papel de grande importância aqui, pelo fato de interagir com vários neurotransmissores e neuromoduladores, como a dopamina, a serotonina e o GABA.
As 10 principais razões pela qual devemos usar CBD no dia-a-dia
Separamos nas subseções seguintes uma relação com dez motivos para considerar em relação ao uso do CBD. Acompanhe!
1.CBD alivia a ansiedade
A ansiedade é um problema que pode prejudicar a qualidade do sono. Se o indivíduo não dorme bem, ele fica propenso a uma série de outras patologias, de modo a retroalimentar a própria ansiedade.
O TOC (Transtorno Obsessivo Compulsivo) e o TAS (Transtorno de Ansiedade Social) são as categorias de ansiedade que mais acometem as pessoas. Logo, trata-se de um problema não apenas de natureza mental e neurológica, mas também ligado a aspectos de sociabilidade e convivência com outras pessoas.
Estudos mostraram que o CBD possui efeitos ansiolíticos, portanto, compatíveis com o alívio da ansiedade. Um exemplo de remédio usado para esse fim é a Nabilona, ministrado também a indivíduos com outros problemas, como vômitos e náuseas.
2.CBD reduz os níveis de açúcar no sangue
Pelo fato de atuar no sistema endocanabinoide, o CBD também ajuda a regular o apetite da pessoa. A consequência esperada disso é uma propensão menor a ingerir alimentos ricos em açúcar, que em excesso pode causar diversos problemas de saúde.
Além da obesidade e diabetes, o açúcar pode também danificar o sistema imune. Logo, os indivíduos precisam moderar ao máximo o seu consumo, optando por alimentos que promovem saciedade e o equilíbrio do organismo, como as frutas.
3.CBD alivia o estresse
O estresse pode ser considerado a ponte entre a má qualidade do sono e uma doença. Muito provavelmente você conhece pessoas que sofrem com este problema, e por conta de circunstâncias adversas, não sabe ainda como se livrar do estresse.
Assim como a ansiedade, existe o risco de haver uma retroalimentação do estresse, quando o indivíduo não se trata da maneira correta. O CBD também pode atuar na diminuição desse mal que tanto acomete as pessoas, promovendo sensações de relaxamento, alívio e bem-estar.
4.CBD melhora a qualidade do sono
A qualidade do sono pode ser influenciada por vários fatores. O estresse, a genética e o metabolismo, por exemplo, estão relacionados ao surgimento de algum distúrbio no indivíduo, como a insônia. Não obstante, é possível também associar problemas do sono a distúrbios de ansiedade.
O CBD tem se mostrado efetivo em relação à qualidade do sono, em virtude de suas propriedades sedativas e relaxantes. Em outras palavras, o indivíduo passa a ter uma facilidade maior para dormir. Além disso, o Canabidiol permite também à pessoa acordar disposta no dia seguinte.
Convém destacar ainda a efetividade do CBD sobre outros remédios usados para melhorar a qualidade do sono. Isso porque existem medicamentos que alteram as fases NREM (pessoa sonolenta e como facilidade de acordar) e REM (estágio de sono mais avançado) do sono. Sobre o sono REM, existem pessoas que podem ser acometidas por um distúrbio específico.
Além disso, houve uma grande incidência da Doença de Parkinson e outras patologias após isso, de acordo com um estudo. O estudo em questão apontou uma relação do distúrbio do sono REM com a baixa quantidade de dopamina no cérebro. Quando aplicado em pacientes com Parkinson, o CBD se mostrou eficaz, lembrando que os níveis deste transmissor tendem a decrescer em função da idade do paciente.
5.CBD reduz a dor
Seja ela pontual ou crônica, existem indícios que a dor pode ser tratada com auxílio do CBD. O óleo de Canabidiol, por exemplo, é recomendado quando o indivíduo estiver sentindo grandes desconfortos, decorrentes de algum problema maior de saúde, como o câncer.
O CBD pode, inclusive, substituir opioides no combate à dor, sendo que estes estão associados a alguns efeitos colaterais. Sobre a dor da artrite, por exemplo, um estudo com CBD foi ministrado em ratos.
O experimento durou quatro dias e eles tiveram redução de dor nas articulações, sem apresentar efeitos colaterais explícitos. Na ocasião, notou-se que as dosagens mais efetivas nos animais foram de 6,2 mg/dia. Doses mais baixas (0,6 e 3,1) não apresentaram resultado satisfatório.
Em relação à enxaqueca, embora os estudos ainda não tenham muita solidez, existe a possibilidade de redução da dor. Tanto o CBD como o THC podem ser efetivos nesse sentido, mediante um experimento realizado em 2017. Nele, os participantes fizeram a ingestão oral de dois compostos: um com 9% de CBD e praticamente nenhum THC, e outro com 19% de THC.
A efetividade mostrou-se maior com uma dose de 200 mg, visto que a de 100 mg não mostrou efeito positivo. Em uma segunda fase do experimento, as pessoas submetidas ao composto de CBD e THC obtiveram melhoras. Com a mesma dose diária de 200 mg, houve uma queda de 40% na frequência da dor da enxaqueca.
6.CBD para melhorar o humor
Ninguém gosta de estar perto de alguém mal-humorado. Sendo semelhante ao estressado, a pessoa nestas condições também pode estar sofrendo de uma baixa qualidade do sono. Um dos neurotransmissores ligados ao humor e bem-estar é a serotonina, que precisa de um sistema endocanabinoide devidamente equilibrado; do contrário, os seus níveis baixos não só causam mau humor, mas também problemas como letargia e fadiga.
7.CBD para aumentar a energia
A energia é algo que aumenta ou diminui em função da qualidade do sono. Sobre promover um estado de vigília ou sono ao indivíduo, existe uma certa contradição em relação aos estudos. Tal disparidade pode ter alguma relação, por exemplo, com a forma de administração do composto e o número de doses. Apesar disso, é possível atribuir o CBD ao estado de alerta do indivíduo.
Uma das razões disso é a evidência da sua ação sobre um gene chamado c-Fos. Este está localizado no hipotálamo, sendo responsável por modular o estado de alerta, segundo estudos. O núcleo dorsal da rafe, uma estrutura complexa com propriedades funcionais e neuroquímicas, também possui o gene. Nesse sentido, é fato que a atividade fisiológica desse núcleo dorsal da rafe é maior durante a vigília e diminui durante o sono, sendo praticamente nulo no REM.
8.CBD é anti-inflamatório
Basicamente, a inflamação ocorre quando o organismo está combatendo patógenos ou outras substâncias prejudiciais. Dito isso, o potencial anti-inflamatório do CBD se dá pela sua ação em um receptor chamado GPR55. Este fica nos sistemas nervoso e imune, acoplado à chamada proteína G, pertencente ao sistema endocanabinoide e responsável pela transdução de sinais entre os neurônios.
Vale destacar aqui que a ação do CBD é mais indireta do que direta no combate à inflamação. A princípio, o efeito do composto foi anticonvulsivante, pelo fato do Canabidiol ter apresentado comportamento antagônico ao receptor GPR55.
9.CBD para ter mais foco
O CBD se mostrou efetivo na região do córtex pré-frontal. Esta região é responsável, entre outras coisas, pelo foco e reações emocionais de uma pessoa. E dada a conexão do sistema nervoso central e periférico com o endocanabinoide, o Canabidiol atua imitando as moléculas produzidas naturalmente pelo corpo.
Como já falamos, a homeostase do corpo depende diretamente do sistema endocanabinoide. Logo, se o equilíbrio não estiver ok, o indivíduo dificilmente terá a concentração necessária para desempenhar suas atividades do dia-a-dia.
10.CBD para aumentar imunidade
O sistema endocanabinoide também é útil ao sistema imune. Este é um mecanismo de defesa complexo e requer cuidados da parte do indivíduo, no intuito de sempre evitar o seu enfraquecimento. De acordo com estudos, o CBD se mostrou efetivo no sentido de inibir a produção de citocinas no organismo.
Dessa forma, o sistema imune da pessoa tende a se manter robusto, afastando, assim, o risco de diversas doenças. Como e onde encontrar CBD O CBD existe basicamente em duas formas: isolado e full spectrum. No primeiro caso, ele é ministrado ao paciente com nenhuma ou pouquíssima quantidade de compostos, como o THC. Pode ser recomendado, por exemplo, a pacientes com algum problema pontual no organismo, como dor ou ansiedade. Já o full espectro consiste em ministrar vários outros compostos da Cannabis.
Em vez de uma ação localizada como no caso do CBD isolado, procura-se aqui promover o chamado Efeito Entourage, ou comitiva. O que ocorre neste caso é um processo de sinergia entre os compostos da Cannabis.
Além do CBD e THC, é possível encontrar também os terpenos, flavonóides e esteróides, substâncias encontradas na planta e com grande potencial de gerar efeitos benéficos ao organismo. Sobre encontrar o Canabidiol, existem diferenças em relação às políticas dos países.
Como já falamos, o FDA dos Estados Unidos aprovou em 2018 o uso do Epidiolex, um medicamento feito à base de CBD. Em muitos lugares, ele é comercializado na forma de suplemento alimentar e até mesmo em farmácias sem nenhuma contraindicação. No entanto, o Brasil possui uma legislação local mais rígida nesse sentido, exigindo a apresentação da prescrição médica.
Como iniciar um tratamento com Cannabis
Existem médicos no Brasil que são especializados em tratamentos à base de Cannabis medicinal. Muitos indivíduos procuram esta alternativa quando se vêm já sem perspectivas, mediante o uso contínuo de remédios que demonstraram ter pouca ou nenhuma eficácia.
O CBD, como vimos ao longo do artigo, é um dos compostos mais abundantes da Cannabis. Pelo fato de não possuir efeito psicotrópico, é bastante usado na medicina, tratando diversos problemas, como inflamações e transtornos de ansiedade. Muitos estudos foram já realizados, conforme mostramos, mas muito ainda precisa ser analisado, principalmente em relação às dosagens ministradas em cada tratamento.
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