Nutróloga com formação em psicanálise e medicina integrativa, Patrícia Savoi encontrou na Cannabis uma forma de unir sua atuação para garantir o bem-estar de seus pacientes
A saúde começa pela boca. Uma máxima que marcou também a trajetória profissional da médica Patrícia Savoi. Praticante de esportes e apaixonada por viagens, observava em sua rotina a importância da alimentação. “Pode ser o seu melhor remédio ou pior veneno, vai depender das suas escolhas e quantidades. Tinha muito claro para mim o impacto na nossa energia, peso, saúde, beleza, pele.”
Antes mesmo de concluir a faculdade de medicina, em 2009, já havia definido por qual especialidade pretendia seguir: nutrologia. “Fui cada vez mais valorizando o impacto dos alimentos em nossa saúde, para o bem e para o mal. Também a relação com a saúde mental. Se você tá triste, come. Se você tá feliz, come.”
Curiosa e entusiasta dos estudos, a formação em psicanálise surgiu como consequência, na busca por entender melhor essa relação. “É uma coisa que não divulgo porque não faço terapia. Mas eu uso a psicanálise com meus pacientes e ela mostra muito a relação das emoções com a nossa saúde. O paciente transforma emoções em sintomas físicos.”
Uma coisa levou a outra. Da nutrição para o bem-estar físico e mental. Na medicina integrativa encontrou uma forma de unir todos os elementos que podem proporcionar uma melhor qualidade de vida para seus pacientes. “Aprendi sobre meditação, yoga e ayurveda, que tem na alimentação um dos seus pilares. Fui sempre conectando.”
Cannabis na nutrologia
O próximo passo de sua formação, porém, não foi assim tão lógico. Pelo menos na cabeça da Patrícia de sete anos atrás. Após trabalhar um período junto à indústria farmacêutica, abriu uma consultoria que visava dar respaldo científico para novas formulações de medicamentos que buscam registro junto à Anvisa. Em 2015, era sobre o incipiente mercado de Cannabis medicinal que todos queriam saber.
“Eu era super preconceituosa. Então fiquei um ano estudando, vendo muito documentário. Sobre o Mechoulam, sobre o Carlini. Fiz curso. Porque sempre fui aquela pessoa que quer ver se algo funciona ou não.”
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Ajudou algumas empresas a conseguirem o registro, mas logo seu preconceito foi ficando de lado. Imergiu no tema da Cannabis, todos seus benefícios, e, em 2016, tornou- se prescritora. “O impacto dessa terapia é principalmente na saúde mental e nas dores.”
“O CBD é um anti-inflamatório super importante. Ajuda nas dores nas articulações, dores crônicas. Junto com o THC, melhora o sono. Se tem uma melhora do sono, impacta sua qualidade de vida. O humor, a concentração. Tem uma melhora da sua produtividade.”
Os diversos benefícios da Cannabis
“Minhas primeiras pacientes de canabinoides eram de esclerose múltipla. Você vê melhoria na esclerose, mas também em doenças provocativas, como a ansiedade. Tenho tido resultados maravilhosos no tratamento de ansiedade”, continuou. “As principais indicações é para insônia e ansiedade, nisso inclui transtornos alimentares. Em pacientes oncológicos, melhora o apetite, as dores, o sono, a ansiedade. Melhora toda a qualidade de vida.”
Sua paciente mais marcante, porém, foi uma mulher de 40 anos diagnosticada com fibromialgia que, após mais de dez anos em tratamento, a procurou em busca de ajuda para perder os quilos adquiridos como efeito colateral do tratamento alopático convencional.
“Eu fiquei impressionada com a lista de medicamentos que ela tomava. Três quatro tipos de antidepressivo, relaxante muscular, vários para a dor, fora os medicamentos para emagrecer. Só que ela não conseguia fazer exercício, não dormia bem, tinha uma baixa autoestima.”
Foi o primeiro caso em que pode utilizar todo seu conhecimento em medicina integrativa aliado à Cannabis medicinal. “A gente começou com poucas gotas em uns quatro a cinco meses, ela voltou. O psiquiatra disse que ela era outra pessoa. O endócrino dela disse que ela era outra pessoa. Tinha brilho nos olhos, perdeu dez quilos. Tudo porque ela estava disposta, tinha ânimo, disposição. A depressão melhorou, dormia e acordava cedo para ir à academia. Tirou medicamentos que atacavam o estômago. Foi um resultado muito positivo.”
Para Savoi, o fato dos canabinoides enfrentarem de uma vez só diversos sintomas que prejudicam a qualidade de vida dos pacientes e, assim, reduzir a polifarmácia, é o principal diferencial do medicamento.
“A Cannabis atinge o organismo por completo. Os receptores estão em nosso sistema nervoso central, sistema imune, órgãos reprodutores”, explica. “Um único produto acaba ativando diversos receptores. Por você ter essa distribuição do nosso corpo, acaba tendo diversos efeitos benéficos.”
“A Cannabis é tendência”
Para a nutróloga, cada vez mais a Cannabis vai auxiliar os pacientes na busca por uma melhor qualidade de vida. “É uma tendência. A gente vê médicos jovens buscando isso como uma primeira especialidade. Eu acho que a melhor forma de isso acontecer é por meio de educação continuada”, diz Savoi.
“A medicina integrativa, por exemplo, ainda não é considerada uma especialidade no Brasil. A nutrologia é super recente, da década de 70. Os canabinoides, eu acredito que, com o tempo, por meio da educação continuada, vai ser cada vez mais uma realidade.”
Para ela, porém, é preciso que os médicos abram a cabeça e passem a observar cada paciente individualmente. “A gente brinca que todo mundo quer protocolo. Eu vejo, infelizmente, muitos médicos fazendo tratamento igual para todo mundo”, finaliza. “Eu acho que a terapia canabica, como a nutrologia, é uma terapia individualizada. A gente precisa sempre estimular um olhar individualizado para o paciente, não achar que é igual para todo mundo.”