Nesta quinta-feira (26) aconteceu a quarta noite de painéis do 4º Medical Cannabis Summit, maior congresso brasileiro sobre Medicina canabinoide 100% online e gratuito.
Ao longo da noite, foram três painéis com diferentes abordagens. O primeiro tratou da importância da educação continuada para médicos,com destaque para a medicina canabinoide, com a doutora em Medicina pela Unifesp, Lena Peres.
Médica com vasto currículo em docência e gestão de saúde coletiva, Lena é diretora da Inspirali – Vertical de Medicina do grupo Ânima Educação. Ela falou sobre a pós-graduação em Cannabis medicinal do grupo, mas também nas formações curtas e especializadas hoje disponíveis.
“Se antes a gente tinha uma aprendizagem tradicional, em que o professor está mais alto que os alunos, e que só ele fala e é uma transfusão direta do que ele acha que sabe aos estudantes, a gente não pode continuar repetindo um modelo tão antigo. Se um carro de 1920 não é mais o mesmo, por que a sala de aula tem que ser?”, questiona a profissional da saúde.
“Educação continuada é qualquer curso que você possa fazer junto ao seu curso de graduação. Por exemplo, eu posso ter um nanodegree de 30h sobre especificamente um assunto, como sistema endocanabinoide. Às vezes, o médico precisa saber apenas como fazer a prescrição de Cannabis para uma patologia específica”, ilustrou.
Assista à palestra da Dra. Lena Peres gratuitamente aqui
“Dormimos uma noite inteira pela 1ª vez em 5 anos”, lembra Katiele Fischer
O segundo painel trouxe Katiele Fischer, a primeira brasileira autorizada a importar um derivado da Cannabis no Brasil, que se emocionou e tocou o público ao se lembrar do drama relatado no documentário ilegal.
Apesar da história dela já ser conhecida do público envolvido com a Cannabis, relembrar os acontecimentos sempre emociona. E Katiele pode relatar os bastidores por trás do documentário, como quando ficou com medo que o futuro diretor do filme, o jornalista Tarso Araújo, na verdade fosse um policial disfarçado.
“Quando ele ligou, achei que era a Polícia Federal. Eu pensei que iriam prender a gente. O sentimento de estar fazendo uma coisa errada era muito presente. Mas a gente acabou vendo que era uma oportunidade de divulgar essa história e ajudar mais gente”.
Katiele contou que foi bem naquela época que a filha Anny, portadora de uma síndrome rara chamada CDKL5, finalmente controlou as convulsões com o canabidiol.
“A gente anotava de noite quantas vezes cada um de nós tinha acordado, porque a gente acordava várias vezes e perdia a noção de quantas. Então na nona semana, eu acordei e perguntei pro Fischer, meu marido: ‘você levantou durante a madrugada?’. E ele, ‘não’. E aí a gente se deu conta que dormimos uma noite inteira pela primeira vez em 5 anos”, contou emocionada.
Katiele ainda atualizou sobre o estágio atual do tratamento da Anny.
“Ela está ótima, hoje é uma adolescente. Ela tem um comprometimento muito sério em função da síndrome, que não tem cura, mas a qualidade de vida é outra. Ela dorme a noite toda, salvo uma vez que outra. Ainda tem algumas crises. Não é a cura da epilepsia, mas é qualidade de vida”.
Assista o painel com a Katiele Fischer gratuitamente aqui
Fatos e fakes sobre a Cannabis
O último painel foi bastante descontraído e contou com o Dr. Mario Grieco, Médico especializado em Clínica Médica, Saúde Ocupacional e Medicina Canabinoide, com Fellowship em Medicina da Família nos Estados Unidos. Ele foi escolhido como um dos 20 líderes mais influentes da América Latina no campo da longevidade pelo “Longevity Leaders International”.
Ele apresentou o painel com fatos e fakes sobre a Cannabis. A apresentação mostrou as campanhas da década de 30 contra a maconha, que abusava da desinformação contra a planta. Como uma propaganda que mostrava um ovo fritando e o apresentador comparando o ovo com o cérebro humano sobre efeito das drogas.
Porém, o médico trouxe desinformações novas também, estas supostamente a favor da planta, como a que alegava que a Cannabis cura o coronavírus ou que a maconha seria afrodisíaca.
“Eu não gosto é que aí começa a partir para o que não é comprovado. Assim, as pessoas perdem a confiança. Tem que ter informação científica, respaldada por estudos clínicos sérios, o que não é o caso aqui”.