De acordo com estudo, a Cannabis é utilizada para tratar dor, insônia, ansiedade, estresse, náuseas e vômitos, mas poucos contam para seus médicos
Apesar dos avanços no tratamento do câncer de mama reduziram significativamente a mortalidade das pacientes nos últimos anos, muitos ainda apresentam sintomas e efeitos colaterais que prejudicam sua qualidade de vida e pode reduzir a adesão ao tratamento e piorar o prognóstico.
Para combater esses sintomas, é cada vez mais comum pacientes que recorrem à Cannabis. É o que mostra um estudo recém-publicado na revista da Sociedade Americana de Câncer.
Faltam médicos
A doença é especificada como condição de qualificação em quase todos os estados com programas de Cannabis medicinal dos Estados Unidos, com potencial de reduzir dores, náusea e anorexia do câncer ou de seus tratamentos.
Porém, falta a tomada de decisão compartilhada entre médicos e pacientes sobre o uso de Cannabis. Muitos médicos acham que não têm o conhecimento necessário para discutir a maconha com seus pacientes. Uma pesquisa nacional com 400 médicos oncologistas relatou que 70% se sentiam despreparados para discutir o uso de Cannabis e fazer recomendações clínicas.
Como foi o estudo
Para colher informações sobre a dimensão do uso da Cannabis em casos de câncer de mama, os pesquisadores recorreram a questionários de participantes com diagnóstico auto-relatado de membros das comunidades de saúde online Breastcancer.org e Healthline.com – partes de uma fundação sem fins lucrativos baseada na Internet que visa fornecer informações médicas e apoio a médicos e pacientes.
Os participantes foram questionados sobre as razões do uso dos canabinoides e se a usaram durante o tratamento ativo para o câncer. De todos 612 pacientes elegíveis que concluíram a pesquisa, os participantes, 42% relataram o uso de Cannabis para o alívio dos sintomas, que incluíam dor (78%), insônia (70%), ansiedade (57%), estresse (51%), e náuseas / vômitos (46%).
Cannabis no tratamento do câncer
Além disso, 49% acreditavam que a Cannabis medicinal poderia ser usada para tratar o câncer em si. 79% a usaram durante o tratamento, que incluiu terapias sistêmicas, radiação e cirurgia. 75% relataram que foi extremamente ou muito útil no alívio de seus sintoma e 57% disseram não ter encontrado outra forma de tratar seus sintomas. Ao mesmo tempo, poucos (39%) haviam discutido o assunto com algum de seus médicos.
A maioria dos participantes (mais de 70%) acreditava que a Cannabis deveria ser vista como um medicamento à base de plantas, que os produtos naturais eram melhores do que os “produtos químicos” e que os benefícios da Cannabis superavam os riscos.
Sobre as diferenças entre as fontes de Cannabis medicinal e recreativa foram as seguintes: 73% acreditavam que a Cannabis medicinal era mais “limpa / pura” do que a Cannabis recreativa, enquanto 25% pensavam que era igualmente “limpa / pura”. Além disso, 64% acreditavam que a Cannabis medicinal era mais segura do que a Cannabis recreativa, enquanto 35% acreditavam que não havia diferença.
THC ou CBD?
Uma preferência por produtos de canabidiol (CBD) versus THC foi relatada pelos participantes: 22% preferiam apenas CBD, 21% preferiam principalmente CBD e 19% preferiam uma proporção igual de THC para CBD. Apenas 26% preferiam produtos com predominância de THC. Nenhuma preferência foi relatada por 7%. No entanto, muitos entrevistados não entenderam a diferença entre CBD e THC derivados de maconha e produtos de maconha ou a diferença entre THC e CBD.
Na conclusão, os autores do estudo discutem como a atual legislação dos EUA (onde na maioria dos estados é muito mais avançada que no Brasil), leva os pacientes a recorrerem à destinada ao uso recreativo ou ilegal.
“As fontes mais seguras de produtos de Cannabis com THC são os dispensários médicos aprovados pelo estado. No entanto, eles não estão disponíveis de forma generalizada e geralmente exigem que os pacientes obtenham uma certificação de um médico aprovado”, escreveram.
“O preço da Cannabis obtida em um dispensário é geralmente mais alto em comparação com outras fontes. 46 Isso pode levar os pacientes a fontes ilegais, mas eles devem estar cientes dos riscos de contaminantes e patógenos. Todos os pacientes devem evitar vaporizar cigarros eletrônicos com THC ou CBD.”