Pesquisa realizada em Michigan, nos EUA, avaliou a necessidade de medicamentos para dor entre pacientes com fibromialgia que usam CBD
Cada vez mais pessoas estão abandonando os opioides e investindo no canabidiol para o controle da dor de fibromialgia. É o que demonstra um estudo realizado pelo instituto de medicina da Universidade de Michigan, nos Estados Unidos.
CBD e Cannabis medicinal
O CBD, abreviação de canabidiol, é o segundo canabinoide mais comum na planta da Cannabis e já foi indicado para diversas condições, desde a estabilização do humor até o alívio da dor, sem os efeitos intoxicantes produzidos pelo canabinoide mais comum, o THC. O delta-9-tetrahidrocanabinol é o ingrediente entorpecente da Cannabis.
A legalização da Cannabis medicinal e recreativa em diversos estados do EUA e a remoção do CBD do status de Tabela 1 – reservado para drogas sem uso médico atualmente aceito e um alto potencial para abuso – no nível federal fez a comercialização de produtos explodir no país norte-americano.
Cannabis reduz uso de opioides
Pesquisas anteriores mostram que algumas pessoas substituem a Cannabis medicinal (frequentemente com altas concentrações de THC) por opioides e outros medicamentos para a dor, relatando que a Cannabis fornece melhor alívio da dor e menos efeitos colaterais. No entanto, há muito menos dados sobre o uso de CBD.
“O CBD é menos prejudicial do que o THC, pois não é intoxicante e tem menos potencial para abuso”, disse Kevin Boehnke, pesquisador do Departamento de Anestesiologia e do Centro de Pesquisa de Dor e Fadiga Crônica . “Se as pessoas podem encontrar o mesmo alívio sem os efeitos colaterais do THC, o CBD pode representar uma estratégia de redução de danos útil.”
CBD e fibromialgia
Boehnke e sua equipe pesquisaram pessoas com fibromialgia sobre o uso de CBD para o tratamento de dores crônicas.
“A fibromialgia não é fácil de tratar, geralmente envolvendo vários medicamentos com efeitos colaterais significativos e benefícios modestos”, explicou Boehnke. “Além disso, muitas terapias alternativas, como acupuntura e massagem, não são cobertas pelo seguro.”
Para este estudo, a equipe se concentrou em 878 pessoas com fibromialgia que disseram ter usado CBD. A equipe descobriu que mais de 70% das pessoas com fibromialgia usaram em substituição a opioides e medicamentos para dor. Desses participantes, muitos relataram que diminuíram o uso ou pararam de tomar opioides e outros medicamentos graças à Cannabis.
“Eu não esperava esse nível de substituição”, disse Boehnke.Pessoas que disseram usar produtos de CBD que também continham THC tiveram maior chance de substituição e relataram maior alívio dos sintomas.
Ainda assim, a descoberta de que produtos contendo apenas CBD também proporcionaram alívio da dor e substituíram analgésicos é promissora e merece estudos futuros, observou Boehnke.
Médicos prescritores
No entanto, a equipe observou que grande parte do uso generalizado de CBD está ocorrendo sem orientação médica e na ausência de ensaios clínicos relevantes. “Mesmo com essa falta de evidências, as pessoas estão usando o CBD, substituindo o medicamento e dizendo que é menos prejudicial e mais eficaz”, disse ele.
Boehnke enfatizou a necessidade de pesquisas mais controladas sobre como o CBD pode fornecer esses benefícios, bem como se esses benefícios podem ser devidos ao efeito placebo.
Clinicamente, abrir linhas de discussão em torno do uso de CBD para dor crônica é imperativo, disse Boehnke, por razões de segurança de medicamentos, bem como para “aumentar a possibilidade terapêutica e melhorar o atendimento ao paciente”.