Com quadros graves de dor e ansiedade, Jamila Ferreira sentiu que precisava mudar de vida, e conseguiu com a ajuda da Cannabis
A dor crônica acompanha Jamila Rocha Ferreira desde os 18 anos, quando foi submetida a uma cirurgia de hérnia de disco. “Crise de dor na coluna é aquela que você para a vida. Uma semana com dor na coluna direto, e eu fico literalmente torta”, conta, hoje aos 30 anos.
Apesar dos episódios, nunca se permitiu parar. Formou-se em enfermagem e concentrou toda sua energia no trabalho. “Vivia para trabalhar. Mesmo doente, eu fazia questão de ir. Mas me atrapalhava muito, pois sabia que não ia ser uma execução 100%.”
Crises de ansiedade
Com o tempo, as limitações acabaram desencadeando crises de ansiedade, que acabava agravando ainda mais os quadros de dor crônica. “Se tinha ansiedade, era certeza que ia ter crise de dor. Era um efeito cascata. Uma coisa levava a outra.”
Até que, em 2019, a situação se tornou insustentável. As crises de ansiedade e, consequentemente, de dor saíram de vez do controle quando se viu em um ambiente tóxico de trabalho. “A ansiedade estava tão grande que engordei 10 quilos em um ano. Eu ia para o trabalho e já sofria antes de chegar”, lembra.
“Tive crise na porta do trabalho, descendo do carro. No movimento de botar a perna para fora do carro, me deu uma crise de dor”, continuou. “Cheguei a ter três crises de dor em um mês, com uma semana de duração cada. Vi que só estava adoecendo, me acabando aos poucos, e não aproveitava a vida. Até que resolvi virar a chave.”
Cannabis no tratamento da ansiedade
Sem grande sucesso com os tratamentos convencionais, decidiu deixar a vida urbana em direção à zona rural de Teresina, no Piauí, em busca de uma maior qualidade de vida. Mas, pouco após chegar, uma outra questão médica lhe roubou a atenção. Seu sobrinho foi diagnosticado com autismo e começou a buscar possíveis terapias que atendessem à sua condição. Encontrou a Cannabis.
“Nessa, comecei a fazer curso, participar de eventos online. Eu descobri que a Cannabis poderia ser bom para a dor, mas quando é com a gente, vai empurrando com a barriga. A urgência era para o meu sobrinho, não para mim.”
Participou do Medical Cannabis Summit, que tinha uma promoção de desconto em consulta, e resolveu marcar uma consulta com o dr. Pedro Pulcherio Filho só para ver no que ia dar. “Foi como se tivesse encontrado uma luz no fim do túnel.”
Benefícios da Cannabis para dor crônica
“Na primeira semana do tratamento com Cannabis, eu vi os efeitos. Minha ansiedade, de querer descontar nos alimentos, mudou completamente. Não quis mais sair comendo tudo que estava na minha frente. Meu sono melhorou. Mudei totalmente. Foi como se tivesse tomado coragem de mudar de vez certas coisas na minha vida”, continuou. “Eu comecei a tomar em outubro do ano passado. De lá para cá, tive só uma crise de dor. durou exatamente quatro dias, contra uma semana do que costumava durar, e eu controlei só com a Cannabis.”
Com seu sobrinho, não foi diferente. “Se você sentar e conversar com ele, não diz que é autista. Antes, ele tinha estereotipia, era hiperativo. Um quadro clássico de autismo leve”, relata. “A escola não queria mais aceitar ele, hoje é um dos melhores alunos. As terapeutas estão impressionadas com a comunicação dele, já que ele não falava direito.”
Uma transformação na qualidade de vida de toda a família, até de seus pais, que apresentaram maior restrição. “A minha família achava que era louca. Estava virando maconheira. Carrega um estigma grande. Ainda mais sendo da área da saúde”, afirma.
“São pessoas com uma educação diferente da minha, então cheguei com calma, fui explicando. Introduzindo no processo. Hoje em dia, são todos defensores da Cannabis.”