Um levantamento da empresa de inteligência de mercado de cannabis Kaya Mind divulgado nesta sexta-feira (11) revela que a eventual legalização total do setor no Brasil poderá criar até 117 mil postos de trabalho e movimentar R$ 26 bilhões até 2025.
O cálculo levou em conta a regulamentação medicinal, industrial (do cânhamo) e do uso adulto. Conforme o estudo, somente a arrecadação de impostos seria de até R$ 8 bilhões em impostos nos próximos 4 anos. Esses recursos, conforme a consultoria, poderiam ser usados na compra de 137 milhões de doses da CoronaVac ou a cobertura dos gastos do Sistema Único de Saúde (SUS) com dependentes químicos pela próxima década.
“No caso do uso medicinal, usamos a taxa cobrada hoje sobre os medicamentos nacionais (de 30%). Já para o cânhamo, consideramos a tarifa média de produtos agrícolas no Brasil (6,7%). E para o uso adulto, aplicamos a taxa de 43%, similar à do tabaco e do álcool (que varia de 40% a 70%)”, disse Maria Eugenia Riscala, CEO da Kaya Mind, à Revista Forbes.
Contudo, a empresária pondera que o mercado mundial da Cannabis é muito recente e a maioria das legislações só estão sendo destravadas e gerando lucro no presente.
Os dados estão no relatório “O impacto econômico da Cannabis”, da Kaya Mind, que será lançado no dia 15 de junho. O material é pago, mas a consultoria disponibilizou um resumo gratuito, disponível aqui.
Em 2019, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) liberou a venda de produtos à base de cannabis nas farmácias de fabricação nacional, ainda que com insumos importados. Mas a maior fatia desse mercado vem de outra regulamentação da Anvisa: a da importação individual de produtos, permitida desde 2015 e facilitada ano passado. Atualmente, 35 mil pacientes possuem autorização para importar, além de 19 mil associados da ONG Abrace, a única autorizada pela Justiça a plantar e produzir derivados da planta aos seus associados. Por último, existe ainda o mercado não-regulado das demais associações: segundo a federação que representa quase 40 dessas entidades (FACT), são pelo menos outros 20 mil pacientes atendidos.
No começo de junho, foi aprovado na comissão especial da Cannabis na Câmara o Projeto de Lei 399/15, que legaliza o plantio em solo nacional para fins apenas medicinais e industriais, deixando o uso adulto de fora. Caso seja aprovado no Senado e vire lei, ainda haverá “um período de amadurecimento e lenta estruturação de fiscalizações e políticas públicas por parte do governo, período que o mercado também usa para se adequar às normas e requisições necessárias da legislação em questão – e testar o novo potencial de vendas que se abre”, explicou Maria Eugênia.
De acordo com informações da consultoria Grand View Reserach, o mercado global canábico legal movimentou cerca de R$ 176 bilhões em 2020, com previsão de chegar a R$ 448 bilhões até 2028 – o que representa um aumento de 253%.