Aos 19 anos, Henrique Estupiña sentiu que ia morrer. O ar faltou, os batimentos cardíacos aceleraram. A ansiedade que sempre o acompanhou estava fugindo do controle, e conhecia sua primeira crise de pânico. “É como um contatinho com a morte que a pessoa sente nesse tipo de experiência.”
Começou a buscar especialistas que pudessem lhe ajudar. Começou a fazer terapia e o psiquiatra lhe receitou um antidepressivo para regular o humor e alprazolam para crises. “Eu não lembro o nome do antidepressivo, mas não tinha efeitos colaterais. Nem quando estava tomando nem quando parei de toma”, lembra.
Mas com o alprazolam não foi bem assim. “Como já é sabido, foi péssimo. Durante o tratamento sentia efeitos terríveis. Se sente muito cansado, perde o foco. Você não fica nem triste nem feliz. É uma apatia muito grande.”
Cansado de viver assim, Henrique tomou uma decisão: abandonou os antidepressivos, deixou o alprazolam só para as crises mais graves, e começou a cuidar da alimentação e praticar exercícios físicos. Também decidiu parar com o uso recreativo da Cannabis. “Conhecia a planta, fazia o uso, na época, mas naquele momento as altas concentrações de THC não me ajudariam. Cessei o ato de fumar.”
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Tratamento de ansiedade com Cannabis
Somente um ano depois do início das crises soube que a Cannabis poderia ser também um tratamento. “Comecei a estudar alternativas, e foi quando eu soube que existia um tratamento com CBD, e que poderia ser muito bom. Os relatos mostravam que poderia ter um prognóstico positivo no dia a dia. Tanto na prevenção e tratamento, como no próprio momento da crise de ansiedade.”
O problema era o acesso ao medicamento. “Eu soube que poderia fazer o tratamento com óleo, mas eu não sabia nem por onde começar. Como encontrar um médico, a dificuldade de ser aprovado. Além dos valores, que, na época, eram muito mais elevados.”
A ideia ficou de lado. Afinal, sua opção por manter uma vida mais saudável ajudou a controlar um pouco sua situação. Somente na ocorrência de uma crise apelava para o danoso remédio. Até que chegou a pandemia.
“A ansiedade estava estável. Com o isolamento e toda essa ameaça externa do vírus, as coisas ficaram piores”, conta. “Então eu parti determinado para descobrir como ia fazer o tratamento com óleo. Até que encontrei o telefone do doutor Pedro Melo. Tinha médicos de várias especialidades, mas no dele estava ‘especialidade no tratamento canábico’. pensei, é isso mesmo que preciso.”
Cerca de dois meses após a consulta, o remédio chegou em sua casa pelos correios. “Tomava em jejum, de manhã, e já sentia uma melhora na disposição. No começo me ajudou muito a retomar a produtividade. Não estava com vontade de fazer o que precisava ser feito, e o óleo devolveu essa vontade.”
“Funcionou de forma preventiva. Crises que poderiam acontecer, tenho certeza que não aconteceram por ter tomado o óleo”, continua. “A noite, me ajudou bastante para dormir. Eu acordo muito durante a noite, e o óleo fez com que eu dormisse noites inteiras. A ação é rápida e duradoura. Me cobre pelo dia inteiro. Se não quiser tomar de noite, eu tenho efeitos positivos por ter tomado de manhã.”
Em um ano de uso, já testou diversas doses e rotinas de tratamento. Porém, nunca mais precisou recorrer ao alprazolam. “Dependendo, em um momento de crise, posso tomar uma dose um pouco maior se precisar. Passei por momentos de tomar só de noite, só de manhã. Os dois”, afirma Henrique, aos 24 anos. “Hoje eu não tomo todos os dias porque não sinto a necessidade.”
“Não acho que exista problema nenhum em tomar todos os dias. Se eu botar na cabeça que, se tomar todo dia, vai ser mais produtivo para mim, vou voltar a tomar e não vou ter nenhum tipo de efeito colateral”, finaliza. “No momento eu to nessa. Toda semana tomo o óleo, mas não é todo dia. Quando percebo que o dia não vai ser muito legal, que eu posso ter uma crise, tomo e já ajuda bastante. Ajuda a limpar a mente, quebrar o ciclo de pensamento viciosos.”
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