Dores insistentes e rigidez nas articulações podem ser sintomas de artrite. Doença que atinge cerca de 2 milhões de brasileiros, é causada pela inflamação do tecido de proteção na extremidade dos ossos, a cartilagem.
São mais de cem tipos de artrite, definidos pela origem dessa inflamação, que pode ser devido ao esforço repetitivo que desgasta a cartilagem – artrose -, ou, como na artrite reumatoide, devido à disfunção do sistema imunológico.
Mais comum em mulheres perto dos 50 anos, a artrite reumatóide surge como uma dor, especialmente na mão, punho e pé, que pode desenvolver para inchaços e limitação dos movimentos.
Uma doença crônica que, quando não controlada, gera sério impacto na qualidade de vida do paciente, impossibilitando tarefas simples como segurar um lápis.
O tratamento alopático, que envolve o uso de corticoides, ajuda a controlar os sintomas, mas geralmente apresentam efeitos colaterais graves.
Uma alternativa cada vez mais sondada pela ciência médica é o uso dos fitocanabinoides, com propriedades anti inflamatórias, analgésicas e regulatórias do sistema imunológico, com limitados efeitos adversos.
Se não controlada, a inflamação pode causar danos também ao sistema circulatório, com maior risco de infarto e acidente vascular cerebral, além do sistema nervoso, olhos e pulmões.
O tratamento adequado e precoce pode prevenir a ocorrência de deformidades e melhorar a qualidade de vida de quem tem a doença.
Por que eu tenho artrite reumatoide?
A ciência médica ainda não sabe muito bem porque isso acontece, mas, de uma hora para a outra, seus anticorpos, que sempre buscaram combater agentes infecciosos que invadem o organismo, se viram contra partes do seu próprio corpo.
É o que caracteriza um grupo de doenças chamadas autoimunes, que, no caso da artrite reumatoide, atinge as articulações.
Acredita-se que a predisposição genética é um dos principais fatores. Porém, alguns pacientes com a doença não apresentam estes genes e a presença destes genes não significa que a doença irá sempre aparecer.
Além dos fatores genéticos, inúmeros vírus e bactérias foram investigados como sendo possíveis causadores da doença, o que não foi confirmado até o momento.
Ainda em relação à causa, é sabido que pessoas que fumam têm grande risco de desenvolver a doença, a qual pode mesmo ocorrer com fumantes passivos.
Outros fatores de exposição ambiental como os poluentes do tipo sílica também podem predispor à doença.
Fatores hormonais também estão relacionados e isto justifica o fato de a doença ocorrer três vezes mais em mulheres e apresentar melhora clínica no período da gestação.
Artrite Sintomas: Quais são os principais?
- Dor e inchaço nas articulações
- Rigidez nos movimentos, principalmente pela manhã
Nódulos na pele - Redução do apetite
- Febre baixa
- Cansaço
A artrite reumatóide pode dar seu primeiro sinal em apenas uma ou poucas articulações, apresentando inchaço, dor e um calor na região. Geralmente, acompanhada de rigidez para movimentá-las principalmente pela manhã e que pode durar horas até melhorar. O cansaço também é uma manifestação frequente.
O quadro clínico mais visto é caracterizado por artrite nos dois lados do corpo, principalmente nas mãos, nos punhos e pés, que vai evoluindo para articulações maiores e mais centrais como cotovelos, ombros, tornozelos, joelhos e quadris.
As mãos são acometidas em praticamente todos os pacientes.
A evolução é progressiva sem o tratamento adequado, e gera desvios e deformidades decorrentes do afrouxamento ou da ruptura dos tendões e das erosões articulares.
Pode levar a alterações em todas as estruturas das articulações, como ossos, cartilagens, cápsula articular, tendões, ligamentos e músculos que são os responsáveis pelo movimento articular.
Dentre as condições desencadeadas pela artrite reumatoide que levam à incapacidade física, estão:
- Desvio ulnar dos dedos ou “dedos em ventania”: resultado de múltiplos fatores (ex. deslocamento dos tendões extensores dos dedos, subluxações das metacarpo falangeanas)
- Deformidades em “pescoço de cisne”: hiperextensão das interfalangeanas proximais – IFPs – e flexão das distais – IFDs)
- Deformidades em “botoeira”: flexão das IFPs e hiperextensão das IFDs)
- “Mãos em dorso de camelo”: aumento de volume do punho e das articulações metacarpo falangeanas com atrofia intraóssea
- Joelhos valgos: desvio medial (“joelhos para dentro”)
- Tornozelos valgos: eversão da articulação Subtalar
- Hálux valgo: desvio lateral do hálux (“dedão do pé”)
- “Dedos em martelo”: hiperextensão das metatarsofalangeanas e extensão das IFDs
- Dedos em “crista de galo”: deslocamento dorsal das falanges proximais com exposição da cabeça dos metatarsianos
- Pés planos: arco longitudinal achatado O acometimento da coluna cervical pode ocasionar quadros mais graves. Geralmente, manifesta-se por dor que “caminha” para atrás da cabeça, com dificuldade para mexer o pescoço. No entanto, a manifestação extra-articular da doença,como nos olhos, pulmões, coração e sistema nervoso, estão correlacionados aos piores prognósticos.
Tipos de artrite
A reumatóide é apenas um dos três tipos possíveis de artrite inflamatória, todas caracterizadas pelo mau funcionamento do sistema imunológico.
O Lúpus Eritematoso Sistêmico aparece como manchas na pele, principalmente em áreas expostas ao Sol, mas acaba acometendo órgãos internos.
O paciente pode desenvolver diversos tipos de sintomas, desde a dor nas articulações (artrite), como febre, emagrecimento, perda de apetite, fraqueza, desânimo, hipertensão e/ou problemas nos rins.
Outra doença autoimune, a psoríase atinge entre 1 e 3% da população. Destes, entre 10% e 42% das pessoas vão desenvolver artrite até 20 anos após o surgimento da doença.
Entretanto, em 15% dos casos, a artrite psoriática precede o surgimento de irritações de pele e erupções cutâneas características da doença. Em 10% dos casos, os sintomas aparecem juntos.
Já os casos de artrite degenerativa não envolvem o sistema imunológico.
Ela acontece quando há desgaste da cartilagem que liga os ossos, gerando um atrito entre eles, o que resulta em dor, inchaço e rigidez. O tipo mais comum de artrite degenerativa é a osteoartrite.
Ela é dividida entre doença primária, quando não há causa aparente para o surgimento da doença; ou secundária, no caso de defeitos nas articulações e alterações metabólicas.
De acordo com a Sociedade Brasileira de Reumatologia, a osteoartrite representa cerca de 30% a 40% das visitas a ambulatórios de reumatologia.
Atrite Sintomas: Como é o diagnostico da doença?
O diagnóstico da Artrite Reumatoide é clínico, ou seja, baseia-se na história clínica e no exame físico feito pelo médico.
Mas alguns exames complementares, de sangue ou de imagem, podem ser úteis, incluindo as provas que medem a atividade inflamatória, a atividade dos anticorpos, radiografias das articulações acometidas e, eventualmente, ultrassonografia ou ressonância.
Outros exames podem ser necessários para afastar outras doenças, dependendo de cada caso.
Atrite tem cura?
Não existe nada conhecido que faça desaparecer a doença.
Pode ser bem controlada e ter seus sintomas resolvidos quando se atinge a remissão da doença, com desaparecimento da dor e do inchaço das juntas e com a normalização dos exames de laboratório, como se a pessoa estivesse curada.
Porém, a remissão pode durar pouco ou muito tempo, dependendo do paciente, e é muito raro que aconteça sem o tratamento médico.
Para aumentar as chances de atingir a remissão, o tratamento deve ser feito logo no início da doença e devem ser seguidas as recomendações dos especialistas.
Artrite Sintomas: qual o tratamento para a doença?
O tratamento para artrite deve ser acompanhado por um reumatologista, o médico especializado nas articulações.
São diversas as abordagens possíveis para o tratamento, incluindo abordagens não-medicamentosas.
Fisioterapia, terapia ocupacional e hidroterapia ajudam a fortalecer os músculos do corpo, que passam a exercer menos carga sobre as articulações, ajudando a preservar suas funções, e consequentemente, reduzir a dor.
Entretanto, essas são abordagens adjuvantes. Os medicamentos são indispensáveis para buscar a remissão da doença.
Medicamentos convencionais no tratamento de artrite
Veja abaixo quais são os medicamentos convencionais utilizados no tratamento da doença:
Anti-inflamatórios
Quadros inflamatórios surgem quando há um aumento da produção de uma substância chamada prostaglandina, gerada através da ação de uma enzima chamada ciclooxigenase (COX).
O medicamento anti-inflamatório inibe a ação da enzima COX, reduzindo a produção de prostaglandinas.
No entanto, existem mais de um tipo de prostaglandina e de ciclooxigenase no organismo, e nem todas estão ligadas ao processo inflamatório.
Como a ação dos anti-inflamatórios sobre a produção de prostaglandinas não é seletiva, além de abortar a inflamação, podem surgir também os efeitos colaterais.
Entre eles, risco e surgimento de úlcera e gastrite, hipertensão, insuficiência cardíaca, hepatite medicamentosa, dano aos rins, reações alérgicas e aumento do risco de doenças cardiovasculares.
Corticoides
O cortisol é um hormônio produzido naturalmente pelo nosso organismo pelo córtex da glândula supra-renal.
Ele atua no metabolismo da glicose, nas funções metabólicas do organismo, na cicatrização, no sistema imune, na função cardíaca, no controle do crescimento e em muitas outras ações básicas do nosso corpo, sendo essenciais para uma boa saúde.
Sua produção eleva-se toda vez que o nosso organismo encontra-se sob estresse físico, como nos casos de traumatismos, infecções ou cirurgias.
O cortisol aumenta a disponibilidade de glicose e energia, eleva a pressão arterial, aumenta o tônus cardíaco e prepara o organismo para combater agressões.
Os medicamentos corticoides são versões sintéticas desse hormônio. É usado para modular processos inflamatórios e imunológicos do nosso organismo.
Seu uso prolongado, porém, causa efeitos adversos como ganho de peso, enfraquecimento dos ossos, fraqueza muscular, catarata, aumento da pressão arterial, aumento da glicose, e maior risco de infecções.
Drogas modificadoras de doença (DMARDs)
É uma classe de medicamentos farmacologicamente não relacionados que atuam diretamente sobre as células do sistema imunológico e as substâncias por elas produzidas.
Ela atua na causa do processo inflamatório, não nas consequências como no caso dos corticoides e anti-inflamatórios.
Entre os DMARDs mais utilizados estão o metotrexato, hidroxicloroquina, leflunomida, sulfassalazina e minociclina.
Esses medicamentos costumam acompanhar os pacientes por toda sua vida, evitando a progressão para formas mais graves da doença, como deformidades ósseas.
Entre os efeitos colaterais mais frequentes, estão náusea ou dor no estômago, lesão de pele, dor de cabeça e tontura.
Como afetam o sistema imunológico, torna o paciente mais suscetível a infecções.
Também podem acarretar consequências sobre podem afetar o sangue e o fígado.
Artrite Sintomas: Cannabis medicinal no tratamento de artrite reumatoide
Substâncias endocanabinoides são neurotransmissores que se conectam a receptores em diversas partes do corpo humano, sendo responsável pela transmissão de informações que regulam o funcionamento dos diversos sistemas do organismo, como o nervoso e o imunológico.
Os fitocanabinoides presentes na planta da Cannabis interagem, direta ou indiretamente, com esses mesmos receptores.
Dessa forma, abrem a possibilidade para uso em uma ampla variedade de doenças desencadeadas pelo mau funcionamento de algum sistema.
No caso do sistema imunológico, ajuda a regular a inflamação crônica das doenças autoimunes.
Diversas pesquisas já demonstraram a eficácia da Cannabis medicinal como anti-inflamatório, analgésico e imunossupressor.
Ao contrário dos medicamentos tradicionais, porém, não há evidências de que a ação imunossupressora dos canabinoides deixe o indivíduo mais propenso a infecções, tanto que é indicada para aliviar sintomas em pacientes com HIV.
Tampouco causa disfunções metabólicas no fígado ou nos rins. Quando utilizado como adjuvante ao tratamento convencional, ajuda a evitar efeitos colaterais no sistema gastrointestinal.
Pacientes que sofrem de dores crônicas também podem sofrer alteração do sono.
No caso da artrite reumatoide, a dor noturna também pode impedir o descanso adequado e a estruturação das diferentes fases do sono. O resultado é que o sono não é restaurador.
Com o uso de THC e CBD, é possível induzir o sono de forma bastante eficaz, determinando a dose noturna com diferentes proporções de THC / CBD.
O descanso adequado é muito importante e, para muitos pacientes, é o primeiro problema que precisa ser resolvido.
Sem descanso restaurador, pouca melhora pode ser esperada nos outros sintomas.
A alteração do humor é outro problema para algumas pessoas com dores crônicas. Nesses casos, o efeito ansiolítico e antidepressivo do CBD pode ser muito útil.
Artrite Sintomas: como conseguir os medicamentos a base de Cannabis
O primeiro passo é conseguir uma receita médica. Com o documento em mãos, são várias as formas de acesso, da compra na farmácia até a importação, que pode ser custeada pelo paciente, plano de saúde ou até mesmo pelo SUS.
Em alguns casos, é possível até o cultivo caseiro autorizado pela Justiça.
Conclusão
A artrite é uma doença crônica que, em muitos casos, obriga os pacientes a conviver com os sintomas por toda a vida.
Os tratamentos convencionais, com anti-inflamatórios, corticoides e as DMARDs atingem boa eficácia na progressão da doença, impedindo uma deterioração acentuada na qualidade de vida do paciente, com possibilidade de remissão dos sintomas.
Apesar de ainda serem poucos os estudos que atestem a eficácia do tratamento com Cannabis medicinal em doenças reumáticas, suas propriedades anti-inflamatória, imunossupressora e analgésica apresenta potencial tratamento para aliviar os sintomas da artrite.
A Cannabis também auxilia no tratamento de condições paralelas à artrite, regulando o sono, ansiedade e o apetite, além de ajudar a evitar efeitos colaterais do tratamento convencional.