O menino Clóvis acaba de completar sete anos, mas Andressa Berti sente que a vida de seu filho está apenas começando. “Existe um Clóvis antes e um depois do canabidiol”, conta.
Diagnosticado com Síndrome de Down ainda na primeira infância, Clóvis nunca teve sérios problemas de saúde. Até poucos meses atrás, o menino nunca havia ficado doente. Mas a preocupação de Andressa era em relação ao comportamento de Clóvis.
Temperamento difícil
“Ele não consegue falar. Se quer comunicar algo e não consegue, fica muito agitado. Só que ver televisão. Não podia ir a qualquer lugar diferente, ficava se jogando no chão”, lembra Andressa.
Em busca de alguma melhora no desenvolvimento de Clóvis, desde os cinco meses de vida Andressa tentava diversas terapias que atendessem às necessidades do filho.
“De manhã ele ia na escolinha e à tarde na terapia. Eu não convivia com ele direito. Ele ficava o dia todo com os outros. Às vezes a gente acha que está fazendo tudo certo e acaba dando tiro pela culatra”, conta.
“Acho que a escolinha era negligente e escondia o comportamento dele. Chegava em casa, ia direto para a televisão e comer, que eu pensava que estava tudo bem.”
Até que a pandemia forçou o fim desse distanciamento. “Comecei a perceber que ele já não conseguia fazer nada. Não conseguia segurar um lápis. Estava agressivo. Empurrava as outras crianças, estava começando a me bater.”
Um novo diagnóstico
Buscou auxílio de um neurologista e recebeu a confirmação do que já desconfiava: além de Down, Clóvis foi diagnosticado dentro do espectro de transtorno autista. Ao conversar com uma amiga, cujo filho se beneficia do tratamento com Cannabis, conheceu o trabalho do dr. Renan Abdalla.
Apenas oito dias depois da primeira consulta com Abdalla, antes de iniciar qualquer tratamento, Clóvis, que, como a mãe enfatiza, nunca ficava doente, teve sua primeira convulsão. “Eu acredito que é um pouco a mão de Deus que me levou no lugar certo”, diz Berti.
Tratamento com Cannabis
“Nós ficamos uma semana internados. Eu estava dentro do hospital com ele, e o dr. Renan me passa uma mensagem perguntando como ele tava. Eu expliquei, e ele me disse que a gente precisava acelerar o tratamento com canabidiol.”
Para controlar as convulsões, no entanto, “infelizmente” (como diz Andressa), Clóvis começou a tomar um medicamento anticonvulsivante que o fazia vomitar muito. A neurologista mudou a medicação, mas resolveu consultar o dr. Renan antes. O médico cortou a dose pela metade, e complementou com o óleo de Cannabis full spectrum rico em canabidiol.
“No final do ano, o canabidiol acabou”, conta. “Por falta de experiência, tinha esquecido de solicitar antes. Acabou e com todo mundo de férias, ele ficou uns dez dias sem o canabidiol. Uma semana sem o canabidiol, um sábado, ele teve duas convulsões, mesmo com o outro remédio.”
“Eu cheguei a conclusão que o remédio está sendo igual água para ele. CBD que faz a diferença”, continuou. “ Eu sou meio louca e já queria tirar os medicamentos, deixar só o canabidiol, mas o Renan me explicou que não é assim. Tem que ir aos poucos, para o organismo se acostumar, então está fazendo o desmame.”
Os benefícios da Cannabis em pacientes com crises convulsivas
Desde então, nunca mais teve convulsões, mas esse foi só o primeiro dos benefícios. “A parte cognitiva dele melhorou muito. É até difícil de lembrar tudo, porque todo dia ele apresenta algum progresso”, comemora Berti. “Ontem, 03 de março, ele completa sete anos. Ele saiu da terapia, tem uma lojinha lá do lado, ele foi lá e me apontou o que queria ganhar.”
Há dois meses morando em Apucarana, no Paraná, onde vive sua família, já estava preparada para lidar com as costumeiras dificuldades de visitar alguém. “Eu pensava que ia chegar e ia passar vergonha, mas não. A gente foi em um aniversário, a madrinha dele ficou impressionada. Ele se comportou, fez tudo que uma criança faz.”
Pequenas vitórias que fazem toda a diferença na qualidade de vida da família. “A gente está conseguindo fazer as coisas que não fazia, e acredito que vai continuar melhorando”, afirma. “Ele não tinha iniciativa para fazer as coisas, agora tem. Se mostra mais interessado, começou a experimentar alimentos novos. Dá a impressão que meu filho despertou para a vida.”
Para Clóvis, Andressa, que é pedagoga, tem a esperança que seu filho aprenda a se comunicar – se não de forma oral, por meio da escrita-. Já para as outras mães, a expectativa é ver cada vez mais crianças com acesso ao tratamento que mudou a vida de seu filho.
“Sou o tipo de mãe que, se deu certo para o meu filho, eu quero levar para todo mundo”, finaliza. “Quanto mais propaganda eu fizer do canabidiol, e mais mães estiverem usando e vendo que dá certo, vou ficar mais feliz.”