Distúrbio neurológico degenerativo e progressivo, a doença de Parkinson atinge cerca de 3% da população brasileira com mais de 60 anos. Embora seja mais comum entre os mais idosos, cada vez mais jovens recebem o diagnóstico da doença.
O maior problema é que não existe cura para o Parkinson. Tratamentos convencionais, como anticonvulsivos, focam somente nos sintomas da doença, são pouco eficientes e podem acarretar sérios efeitos colaterais.
No entanto, entre as alternativas estudadas pela medicina, os fitocanabinoides aparecem como a classe de fármacos que demonstra maior efetividade na progressão da doença, com grande impacto na melhora da qualidade de vida do paciente.
Tratamento de Parkinson com Cannabis
É o que demonstra uma pesquisa do Departamento de Neurologia do Centro Médico da Universidade de Hamburgo-Eppendorf, na Alemanha. Por meio do jornal da Associação Alemã de Parkinson, eles enviaram e avaliaram questionário sobre as condições de saúde de 1.300 pacientes.
Apesar do número pequeno (8,4%) dos pacientes relatarem usar Cannabis para aliviar os sintomas, 61% desses disseram observar melhora em seu quadro clínico devido ao uso.
“A redução da dor e das câimbras musculares foi relatada por mais de 40% dos usuários de Cannabis. A rigidez / acinesia, congelamento, tremor, depressão, ansiedade e síndrome das pernas inquietas melhoraram subjetivamente em mais de 20% e a tolerabilidade geral foi boa”, diz o estudo publicado no Journal of Parkinson’s Disease.
Entre os participantes da pesquisa, 68% relataram melhora após inalar Cannabis com alto teor de THC; 54% após a ingestão oral do óleo rico em CBD. Em comparação com a ingestão oral de CBD, a inalação de THC foi relatada com mais frequência para reduzir a acinesia (perda muscular temporária associada à condição) e rigidez.
Interesse por Cannabis entre pacientes com Parkinson
Dos pacientes que nunca experimentaram a Cannabis, 65% demonstrou interesse em seus efeitos terapêuticos medicinais.
“Nossos dados confirmam que os pacientes Parkinson têm um grande interesse no tratamento com cannabis medicinal, mas não têm conhecimento sobre como tomá-la e, especialmente, as diferenças entre os dois principais canabinoides, THC e CBD”, afirmou o pesquisador Carsten Buhmann, um dos autores do estudo, em entrevista ao alemão Sci Tech Daily.
Na Alemanha, desde 2017, é direito de todo paciente gravemente afetado por sintomas resistentes à terapia o acesso à Cannabis medicinal, não importa o diagnóstico da doença ou se existem dados clínicos baseados em evidências.
“Pacientes que atendem a esses critérios têm direito à prescrição de Cannabis medicinal, mas há poucos dados sobre qual tipo de canabinoide e qual via de administração pode ser promissora para qual paciente e quais sintomas”, ponderou Buhmann. “Também não temos informações sobre até que ponto a comunidade é informada sobre a Cannabis medicinal e se eles experimentaram Cannabis e, em caso afirmativo, com que resultado.”
“A ingestão de Cannabis pode estar relacionada a um efeito placebo devido às altas expectativas e condicionamento do paciente, mas mesmo isso pode ser considerado um efeito terapêutico”, concluiu.