Sentir dor é uma experiência desagradável tanto sensorial como emocional, ainda mais se tratando de uma dor crônica. Sensorial, pelo fato que podemos especificar as características da dor: sua localização; com o que compará-la; sua intensidade e sua evolução ao longo do tempo. Emocional, que por natureza, sendo a dor desagradável, pode ser mais ou menos suportável ou angustiante.
A dor funciona como um sinal de alarme. Seu principal papel é proteger o corpo. Sem ela, não iríamos perceber que existe uma lesão, como uma fratura. Incentiva-nos a prestar atenção à área lesionada, a tomar consciência do perigo (por exemplo, uma queimadura causa uma reação imediata), e a tomar os cuidados necessários.
Por outro lado, a dor crônica, um tipo de dor persistente, faz parte da vida de muitos brasileiros, que precisam conviver com ela dia sim, dia também. De acordo com a Sociedade Brasileira de Estudos da Dor (SBED), essa é uma condição que atinge 37% da população, o que não deixa de ser um dado preocupante.
O que fazer, então, quando a dor se manifesta de maneira incessante e quando nenhum tratamento surte efeito? Caso você sofra com algum tipo de dor crônica ou tenha familiares que passam por esse problema, a leitura deste conteúdo é indispensável. Portanto, neste conteúdo você vai aprender:
- O que é dor crônica?
- Quando a dor é considerada crônica?
- Possíveis causas da dor crônica
- Sintomas atrelados à dor persistente
- Tipos de dor crônica
- Patologias consideradas como dores crônicas
- Qual o médico responsável pelo diagnóstico e tratamento da dor crônica?
- Como funciona o diagnóstico da dor crônica?
- Tratamentos convencionais para dor crônica
- Tratamento para dor crônica com Cannabis medicinal
- O uso da Cannabis para fins medicinais é permitido no Brasil?
- Como comprar remédios à base de Cannabis?
O que é dor crônica?
Todos já sentiram dor em algum momento. Um corte, uma lesão durante o esporte, parto, uma cirurgia ou pedras nos rins causam dor de intensidade variável.
Nestes casos, a causa da dor é conhecida, e cessa quando a causa desaparece. Este tipo de dor é aguda. A dor aguda tem uma função própria, informar o corpo de um distúrbio existente.
Dor é uma sensação desagradável que geralmente é associada a danos ou lesões nos tecidos do corpo. Ela é transmitida através do sistema nervoso e pode variar em intensidade e duração. A dor aguda, por exemplo, pode ocorrer em resposta a um estímulo.
A dor crônica, ou seja, a dor que dura vários meses ou mesmo anos, é muito diferente. Neste caso, a dor raramente tem uma função útil. Por vezes é muito incapacitante, impedindo as pessoas de trabalharem e de terem uma boa qualidade de vida. Pode gerar um sentimento de isolamento, raiva, frustração e culpa.
A dor crônica é uma dor contínua ou recorrente que pode durar mais do que o período normal de cura de uma doença ou lesão, ou mais de três meses.
Ao contrário da dor aguda causada por uma fratura, queimadura ou corte, que serve para nos dizer que algo está errado, a dor crônica é inútil.
Pela sua persistência ao longo do tempo, afeta consideravelmente o nosso comportamento e bem-estar. Torna-se então uma condição a ser tratada, independentemente da sua causa original.
Quando a dor é considerada crônica?
A dor pode ser considerada crônica quando persiste além do tempo normal de cura do tecido. Se a dor persistir por mais de 12 semanas, é considerada crônica. A dor pode estar relacionada com trauma ou lesão anterior, ou ser causada por uma lesão do sistema nervoso (como a ciática).
Em idosos, pode se desenvolver devido a uma doença degenerativa, como a osteoartrite. A dor crônica pode interferir na capacidade de realizar atividades diárias e afetar o sono e a saúde mental.
As pessoas que sofrem podem se envolver em menos atividades para tentar minimizar a dor, o que pode levar ao ganho de peso e à letargia. O impacto na vida cotidiana da dor a longo prazo pode incluir:
- Participação reduzida em atividades familiares ou sociais;
- Dificuldade em se concentrar;
- Ausência no trabalho;
- Perturbações da vida sexual.
Pelo menos 10% da população mundial sofre de dor crônica, mas as estimativas de prevalência em alguns países ou regiões estão em torno de 20-25%.
Todos os anos no mundo, uma em cada dez pessoas desenvolve dor crônica. Uma característica da dor crônica é que ela também pode se apresentar por razões psicológicas.
Indivíduos com depressão ou submetidos a estresse podem vir a sentir dores sem uma razão aparente, por exemplo. Certos comportamentos também colaboram para a continuidade da dor, por isso, a prescrição de um tratamento depende de uma minuciosa investigação médica.
Qual é a diferença entre dor aguda e dor crônica?
A dor é uma sensação desagradável que muitas vezes é associada a danos ou lesões nos tecidos do corpo. Ela pode variar em intensidade e duração, e existem dois tipos principais: dor aguda e dor crônica.
A dor aguda é uma resposta imediata do corpo a uma lesão ou doença. Ela geralmente tem uma causa definível e desaparece quando a causa é tratada.
A dor aguda é comum após cirurgias, fraturas ósseas, traumas e infecções. Essa dor é muitas vezes descrita como súbita e intensa, e pode ser acompanhada de outros sintomas, como inchaço, vermelhidão e rigidez.
Por outro lado, a dor crônica é persistente e pode durar meses ou anos. Ela é diferente da dor aguda porque não é uma resposta imediata a uma lesão ou doença específica, mas sim uma condição em si mesma.
A dor crônica pode ser causada por uma variedade de condições, incluindo artrite, fibromialgia, neuropatia, dor nas costas, enxaqueca e outras. Ela é muitas vezes descrita como uma dor difusa ou ocorre em áreas específicas do corpo.
Existem muitas diferenças importantes entre a dor aguda e a dor crônica. A principal diferença é a duração da dor. Enquanto a dor aguda é temporária e desaparece quando a causa é resolvida, a dor crônica pode durar meses ou anos.
Além disso, a dor aguda é geralmente causada por um problema específico no corpo, enquanto a dor crônica é uma condição crônica em si mesma. Isso significa que a dor crônica pode ser mais difícil de tratar do que a dor aguda.
O tratamento da dor aguda geralmente envolve medicamentos para aliviar a dor, como analgésicos e anti-inflamatórios.
O tratamento da dor crônica pode ser mais complexo e pode incluir uma abordagem multidisciplinar, incluindo medicamentos, fisioterapia, terapia comportamental e outros tratamentos complementares.
Possíveis causas da dor crônica
A dor crônica é uma condição que pode ser causada por diversas condições ou lesões. Pode estar associada a uma variedade de fatores, incluindo genética, lesões, ou outras condições médicas. Algumas das causas mais comuns de dor crônica são:
- Lesões: As lesões físicas, como movimentos repetitivos, quedas, fraturas ósseas, podem causar danos ao tecido, resultando em dor persistente.
- Condições médicas: Algumas condições médicas, como fibromialgia, artrite, esclerose múltipla, síndrome do intestino irritável e outras, podem causar dores crônicas.
- Doenças autoimunes: Pacientes com doenças autoimunes, como lúpus ou artrite reumatoide, podem experimentar dores crônicas relacionadas à inflamação dos tecidos e articulações.
- Envelhecimento: O envelhecimento também pode ser um fator de risco para a dor crônica, pois as mudanças no corpo podem resultar em dor persistente.
- Trauma emocional: Trauma emocional pode resultar em dor crônica devido às mudanças químicas no cérebro e no sistema nervoso.
- Cirurgias: As cirurgias, especialmente aquelas que envolvem invasões profundas e duradouras, podem resultar em dor crônica.
- Infecções crônicas: As infecções crônicas, como AIDS, podem causar dores persistentes em certas partes do corpo.
Esses são apenas alguns exemplos das possíveis causas de dor crônica. O tratamento da dor crônica depende da causa subjacente, e deve ser individualizado para cada paciente.
É importante consultar um médico para avaliar o seu caso e determinar o melhor plano de tratamento para você.
Sintomas atrelados à dor persistente
A dor crônica pode muitas vezes ser identificada pelo aparecimento de sintomas. Devemos estar atentos ao aparecimento de certos sintomas, como fadiga, dor ou dificuldade em se mover.
Também é comum a falta de ar, distúrbios do ritmo cardíaco ou palpitações. No entanto, os sintomas, quando presentes, podem ser permanentes ou temporários.
Você também precisa monitorar regularmente certas coisas, como seus níveis de colesterol ou pressão arterial, por exemplo. Dependendo da origem e da causa, a dor crônica pode vir acompanhada de outros sintomas, como acontece em pessoas portadoras de fibromialgia.
Viver com dor crônica pode criar um círculo vicioso de ansiedade, dependência de outras pessoas e falta de sono. A dor persistente pode comprometer as atividades cotidianas de uma pessoa. Ela esgota o paciente e influencia negativamente suas habilidades no trabalho.
As pessoas com dor crônica podem cessar as suas atividades sociais por causa da dor. Às vezes, elas se sentem dependentes dos outros para realizar tarefas diárias, como compras.
Uma pessoa que sofre de dor, ou tem medo de ter dor, corre o risco de ter dificuldade em dormir. A insônia permanente pode levar à depressão.
Tipos de dor crônica
A dor crônica afeta o comportamento e o bem-estar do paciente. Independentemente da sua causa (doença, deficiência, infecção, operação ou acidente), requer tratamento.
Compreender os diferentes tipos de dor crônica é essencial para um tratamento adequado e individualizado.
Cada tipo requer uma abordagem de tratamento específica, dependendo da sua causa subjacente. Vamos entender melhor quais são os principais tipos de dor a seguir:
Fisiopatológica
A dor fisiopatológica se refere à dor que ocorre como resultado de alterações ou lesões em órgãos, tecidos ou sistemas do corpo. Ela é causada por um processo patológico subjacente, como inflamação, lesão ou disfunção de uma estrutura ou órgão específico.
A dor fisiopatológica pode ter várias características, como aguda ou crônica, constante ou intermitente, pontada ou latejante, e pode ser localizada em um único local ou espalhada por todo o corpo.
O tratamento da dor fisiopatológica depende da causa subjacente e pode incluir medicamentos, terapias físicas e outros tratamentos específicos para a condição que está causando a dor. A dor crônica fisiopatológica se manifesta das seguintes maneiras:
Dor nociceptiva
A dor nociceptiva, também chamada dor periférica, é causada por um excesso de impulsos dolorosos no sistema nervoso, causados por uma lesão (inflamação ou dano mecânico) em um músculo ou glândula.
Osteoartrite, artrite reumatoide e dor oncológica estão entre os exemplos mais comuns. Esse tipo de dor, – na maioria das vezes irritante – responde a anti-inflamatórios e opioides para o controle de dores fortes.
Dor neuropática
A dor neuropática é a consequência da pressão dos nervos periféricos (neuropatia diabética, por exemplo). Quando nervos do sistema nervoso central ou periférico tem algum tipo de dano ou sofrem algum ferimento, chamamos de dor neuropática. Esse tipo de dor requer tratamentos adequados.
A dor centralizada
A dor centralizada é quando uma perturbação do sistema nervoso central amplifica a dor ou causa uma dor difusa. Este é o caso da fibromialgia, síndrome do intestino irritável ou cefaleias de tensão. Os medicamentos que atuam sobre os neurotransmissores são adequados para este tipo de dor.
Dor mista
Por fim, a dor mista representa um desafio a mais para a medicina, porque, como o nome indica, é uma combinação dos diferentes tipos de dor.
Ela pode ter características da chamada dor nociplástica, que tem origem em alterações na nocicepção. Assim sendo, a dor mista é bem mais complexa de ser detectada e diagnosticada, já que está associada a várias causas.
Patologias consideradas como dores crônicas
A dor persistente e suas diversas formas podem vir de distúrbios que têm uma causa física. As principais patologias relacionadas à dor crônica incluem:
Osteoartrite
A osteoartrite é uma doença crônica que associa a degradação da cartilagem articular, o dano ao osso sob a cartilagem e a inflamação da membrana sinovial. É por isso que podemos dizer que toda a articulação é afetada por esta doença.
No estado normal, existe um equilíbrio entre a produção e a destruição da cartilagem. A osteoartrite aparece quando esse equilíbrio é quebrado sob o efeito de fenômenos mecânicos (como pressão muito alta) ou biológicos (como disfunção do metabolismo). É o aparecimento desse desequilíbrio que causa dor em pacientes com osteoartrite.
As dores relacionadas com a osteoartrite são reconhecíveis por vários elementos:
- são provocadas e amplificadas pelo movimento, e são aliviadas pelo descanso;
- elas voltam cronicamente toda vez que a articulação é solicitada
- aumentam gradualmente ao longo do dia;
- elas podem ser a fonte do despertar durante a noite ou retardar o adormecer;
A evolução da osteoartrite é lenta. É intercalada com surtos de dor durante os quais a destruição da cartilagem é acelerada.
Endometriose
A endometriose é uma doença ginecológica caracterizada pela presença de tecido endometrial fora do útero. Esta patologia afeta cerca de 1 em cada 10 mulheres.
A endometriose pode ser assintomática ou não. Os sintomas variam de mulher para mulher, assim como sua intensidade. Os sintomas mais recorrentes incluem:
- Dismenorréia (cólica muito intensa) com forte impacto na vida cotidiana (absentismo);
- Dor durante o sexo;
- Dor durante a micção.
Cervicalgia
Cervicalgia é o termo médico utilizado para descrever a dor na região cervical, ou seja, na região do pescoço.
A cervicalgia pode ser causada por uma variedade de fatores, incluindo postura inadequada, lesões musculares, desgaste natural das vértebras cervicais, hérnia de disco, osteoartrite e outras condições médicas.
Os sintomas associados à cervicalgia podem incluir dor e rigidez no pescoço, dor de cabeça, tonturas e até mesmo dor nos braços e nas mãos.
O tratamento para a cervicalgia dependerá da sua causa subjacente e pode incluir medicamentos, fisioterapia, exercícios de alongamento e fortalecimento muscular, e em casos mais graves, cirurgia.
Cefaleia
Também chamada de dor de cabeça, a cefaleia afeta todas as categorias de população, adultos e crianças, independentemente da idade ou sexo.
Pode acontecer de forma brutal, ser crônica ou regressar episodicamente, e afetar várias áreas. As dores de cabeça são, portanto, caracterizadas de acordo com sua localização, as condições de início da crise, sua duração e intensidade.
Os tipos mais comuns são cefaleias de tensão e enxaquecas. Dependendo da sua causa, as dores de cabeça podem ser acompanhadas por outros sinais: febre, constipação, náuseas, etc. Em alguns casos, as cefaleias são um sinal de uma doença grave.
Hérnias de disco
A hérnia de disco é um problema bastante comum que pode se tornar muito incapacitante para aqueles que sofrem dela. Afeta principalmente homens entre 30 e 55 anos, mas pode aparecer em qualquer idade e afetar ambos os sexos.
Uma dor na parte inferior do joelho ou na parte inferior do cotovelo é um sinal que sugere a presença de uma hérnia de disco (pode significar a compressão de uma raiz nervosa).
Os sintomas dolorosos podem ser aumentados ao tossir, rir, espirrar ou caminhar. Deve-se notar que algumas hérnias de disco podem passar completamente despercebidas, pois não causam dor.
Fibromialgia
A fibromialgia ou síndrome da fibromialgia é uma doença caracterizada por dores difusas e múltiplas associadas à existência de pontos dolorosos em diversas partes do corpo.
Geralmente é acompanhada por distúrbios do sono, fadiga muitas vezes intensa e distúrbios do humor. Essa condição se manifesta por dores corporais que não têm uma causa aparente.
É como se o cérebro estivesse em um estado permanente de alerta, sem que haja um motivo para tanto. Logo, acredita-se que a fibromialgia seja uma espécie de “descalibragem” do cérebro que leva a alertas falsos, embora a dor seja real.
A fibromialgia é uma doença que não tem cura. Os tratamentos visam melhorar a qualidade de vida do paciente e impedir possíveis surtos inflamatórios que possam desencadear as dores.
Artrite
Esta é uma patologia muito incapacitante, muitas vezes confundida com osteoartrite. A artrite corresponde à inflamação das articulações, mais comum por volta dos 50 anos.
Dores recorrentes nos pulsos, joelhos ou mesmo vértebras são comuns. Esta patologia afeta diferentes áreas articulares, e pode complicar enormemente os movimentos da vida quotidiana.
Os sintomas da artrite são sentidos em certos momentos em particular: a dor ocorre no meio da noite e também é mais forte no início de um exercício.
Qual o médico responsável pelo diagnóstico e tratamento da dor crônica?
Existem muitos profissionais que podem ser procurados em caso de dor crônica. Geralmente, os médicos que acompanham pacientes com dor crônica são os reumatologistas, ortopedistas, fisiatras e anestesiologistas.
A Medicina Intervencionista da Dor também é uma área bastante procurada para o gerenciamento da dor crônica. Por outro lado, como a dor crônica pode ter uma infinidade de causas, em certas situações, uma conduta multidisciplinar pode ser necessária.
Como funciona o diagnóstico da dor crônica?
Em caso de suspeita de dor crônica, diferentes métodos são usados para fazer um diagnóstico. Primeiro, é realizada uma anamnese. A anamnese é uma entrevista completa com os pacientes, que visa dar ao médico uma ideia dos sintomas.
Para avaliar o grau de dor, utiliza-se a Escala Visual Analógica (EVA). Trata-se de um exame em que o paciente assinala a força dos sintomas em uma escala de 0 a 10, na qual zero corresponde à ausência de dor e o dez equivale à pior dor possível.
Em seguida, a condição é classificada de acordo com a escala Leeds Assessment of Neuropathic Symptoms and Signs (LANSS). Essa medição vai de 0 a 24 pontos e conta com duas seções: uma que avalia os aspectos qualitativos e outra que diz respeito aos elementos sensitivos de uma dor.
A anamnese é seguida por vários exames destinados a fornecer informações sobre saúde física e função nervosa. Normalmente são utilizados procedimentos de imagem, tais como ultrassom, tomografia computadorizada (TC) ou ressonância magnética (MRI).
Os exames físicos são geralmente interdisciplinares. O médico trabalha com vários colegas especialistas, tais como neurologistas e ortopedistas, para estabelecer um diagnóstico o mais preciso possível. Dependendo do tipo de dor crônica, testes laboratoriais, por exemplo, exames de sangue, podem ser aconselhados.
Tratamentos convencionais para dor crônica
O tratamento da dor visa diminuir a sua intensidade e melhorar a qualidade de vida. A escolha do tratamento depende, em particular, da intensidade da dor, bem como do seu mecanismo, da sua localização, do seu contexto, e do paciente.
Em virtude dos diferentes tipos de dor, das possíveis origens, da intensidade e dos sintomas associados, naturalmente, os recursos terapêuticos aplicáveis variam a cada quadro.
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), o tratamento da dor crônica, seja qual for o seu tipo, deve ser feito conforme uma escala. Seja qual for o nível de intensidade da dor, junto ao tratamento, podem ser empregadas terapias auxiliares, que são capazes de proporcionar alívio de maneira eficaz e duradoura.
Fármacos
Os fármacos para a dor são principalmente os chamados analgésicos. Eles são divididos em três classes de acordo com seu poder de ação. O nível 1, como paracetamol ou aspirina, é destinado a dores leves.
O nível 2, como a codeína ou o tramadol, destina-se a dores moderadas a graves, ou a dores insuficientemente aliviadas por analgésicos de nível 1. O nível 3, derivados da morfina, é reservado para dores intensas resistentes a outros analgésicos.
Os medicamentos para a dor podem causar vários efeitos secundários, dependendo das substâncias utilizadas: náuseas, perturbações de equilíbrio, sonolência, etc. O médico pode prescrever medicamentos para prevenir alguns destes efeitos secundários.
Normalmente, naqueles em que a condição tem seu foco no sistema nervoso, o tratamento se baseia em medicamentos antidepressivos, como a nortriptilina e a amitriptilina. Também podem ser prescritos antiepilépticos, como a gabapentina, pregabalina e carbamazepina.
Fisioterapia e terapia ocupacional
O papel da fisioterapia será aliviar a dor e a inflamação e, em seguida, ajudar na promoção da cura, recuperando a flexibilidade, a mobilidade, a força e a resistência. O fisioterapeuta usará várias técnicas de tratamento, como terapia manual, massagem, eletroterapia e também contará com educação, aconselhamento e um programa de exercícios especializados.
Em lesões mais graves, pode ser difícil voltar às atividades e isso irá afetar a qualidade de vida. A intervenção da terapia ocupacional será, portanto, útil para ajudar a pessoa a entender completamente o impacto de sua condição em suas ocupações.
O terapeuta ocupacional fará uma avaliação detalhada das habilidades funcionais da pessoa em seu dia a dia e, em seguida, estabelecerá um plano de tratamento para melhorar as habilidades. Os meios utilizados serão atividades específicas para atender às necessidades do usuário e melhorar gradualmente suas habilidades.
Técnicas de medicina integrativa
A medicina integrativa, que combina terapias convencionais e tratamentos complementares, tem todo o seu lugar no tratamento da dor crônica. Na verdade, é uma alternativa aos tratamentos iatrogênicos cuja eficácia permanece muito moderada. Algumas formas de medicina integrativa úteis para a dor incluem:
Acupuntura
A acupuntura é particularmente eficaz no tratamento da dor crônica. A sua ação anti-inflamatória e analgésica é particularmente popular. Algumas sessões com um intervalo de uma semana podem aliviar a dor de forma sustentável.
Osteopatia
A osteopatia, praticada por um especialista, permite liberar articulações bloqueadas e promover uma certa flexibilidade e alívio da dor. É muito útil em caso de dor associada à artrite.
Fitoterapia
Os especialistas em medicina integrativa indicam algumas plantas para o tratamento da dor. A garra do diabo (harpagophytum), por exemplo, tem uma estrutura próxima à da aspirina. A Cannabis medicinal, por outro lado, pode ser muito útil no alívio da dor por conter efeitos analgésicos.
Aromaterapia
Óleos essenciais incluindo cravo, lavanda, hortelã-pimenta ou sálvia são muito eficazes na aplicação local. Também podem acalmar a ansiedade relacionada à dor.
Terapias psicológicas e comportamentais
A Terapia Cognitiva e Comportamental (TCC) é uma psicoterapia comprovada para aliviar a dor crônica. A TCC deve fazer parte de um tratamento global organizado por um psiquiatra que fez o diagnóstico.
A Terapia Interpessoal (TIP) também é promissora. Em particular, ajuda a motivar o paciente a procurar o apoio interpessoal necessário e a gerir os conflitos relacionados com a dor.
Programas de reabilitação da dor
Os programas de reabilitação da dor são programas construídos sobre o modelo biopsicossocial da dor crônica.
Ao contrário do modelo biomédico que enfatiza a cura ou pelo menos a eliminação de uma quantidade significativa de dor, os programas de reabilitação enfatizam a interação complexa e dinâmica entre fatores físicos, fisiológicos, psicológicos e sociais.
Para ser eficaz, ele trabalha sobre quatro componentes: tratamento médico, terapia comportamental, recondicionamento físico e programa de educação.
Tratamento para dor crônica com Cannabis medicinal
Muitos brasileiros sofrem de dor crônica que acarreta em consequências físicas e sociais significativas. Em tais condições, a dor torna-se uma doença, prejudicando a qualidade de vida dos pacientes.
Os tratamentos analgésicos são muitas vezes ineficazes. Prova disso, é que no Brasil, estima-se que mais de 70% dos pacientes com dor crônica não recebem tratamento adequado.
Nesse sentido, uma alternativa de tratamento para a dor crônica é a Cannabis medicinal, cada vez mais utilizada por conta da sua eficácia e dos poucos efeitos adversos gerados.
Graças às suas propriedades analgésicas, o uso da Cannabis pode ajudar a reduzir os focos da dor. A Cannabis atua ativando o sistema endocanabinoide, que é uma complexa rede de comunicação entre as células. Este sistema impacta a percepção da dor, tornando-a mais tolerável.
Os canabinoides e terpenos presentes na Cannabis atuam no sistema endocanabinoide, estabilizando os estímulos do sistema nervoso e aliviando alguns tipos de dor crônica. A Cannabis de forma tópica, na forma de cremes e pomadas, também é muito utilizada para amenizar a dor e a inflamação local.
Em uma live promovida no nosso canal no Youtube com a Dra. Wanderli Soares Ramos, a médica anestesiologista explica como a Cannabis medicinal pode impactar positivamente os distúrbios associados à dor, como o sofrimento psíquico ou os distúrbios do sono. Vale a pena conferir!
Quais são as propriedades da Cannabis que possuem efeito terapêutico para a dor?
Um estudo de 2018 mostrou que dois compostos na Cannabis – THC e CBD – contribuem para o alívio da dor e a diminuição de sua percepção.
Sua ação se baseia principalmente em uma regulação do sistema endocanabinoide que está envolvida na ação analgésica do THC na dor crônica.
Em outras palavras, a conectividade entre certas áreas do cérebro podem ajudar o alívio da dor induzida pelo THC. Desse modo, graças às suas propriedades analgésicas, o THC altera a percepção da dor. Mas os benefícios da Cannabis não param aí. A Cannabis também possui as seguintes propriedades:
- Propriedades anti-inflamatórias: o CBD, um dos canabinoides presentes na Cannabis, é capaz de combater a inflamação. Desse modo, pode diminuir a dor tanto local quanto sistêmica.
- Propriedades relaxantes: a dor pode causar um alto grau de estresse físico e mental, que pode ser melhor gerenciado através da Cannabis medicinal por meio de suas propriedades relaxantes.
- Propriedades ansiolíticas: a Cannabis atua na redução dos distúrbios de humor que podem impactar na piora da dor. Também ajuda a combater a depressão que pode surgir por conta da dor persistente.
- Propriedades analgésicas: como mencionado anteriormente, um dos maiores benefícios da Cannabis é sua ação analgésica. Ajuda na melhora do grau da dor e também pode diminuir a frequência dos surtos de dor.
Estudos que demonstram a eficácia da Cannabis para a dor crônica
Além do estudo mencionado anteriormente, vários outros estudos realizados sobre o uso da Cannabis para a dor são promissores. Um deles o Medicinal Cannabis For Treatment Of Chronic Pain apontou a eficácia da Cannabis medicinal no alívio da dor crônica.
O estudo incluiu 984 pacientes com dor crônica, incluindo aqueles com dor neuropática, dor nas costas, artrite, dor pós-cirúrgica, dores de cabeça e dor abdominal.
Neste mesmo estudo, dois terços dos pacientes relataram alívio da dor como o principal benefício do uso da Cannabis. Além disso, houve uma redução de 64% no uso de opioides entre pacientes com dor crônica que usaram Cannabis medicinal.
Por outro lado, no estudo “Cannabinoids for treatment of chronic non-cancer pain; a systematic review of randomized trials”, os investigadores concluíram que o CBD (um dos compostos principais da Cannabis) poderia ser uma alternativa eficaz para a gestão geral da dor.
Este estudo realizou uma revisão sistemática de ensaios clínicos randomizados (RCTs) examinando os canabinoides no tratamento da dor crônica. Quinze dos dezoito ensaios avaliados demonstraram um efeito analgésico significativo dos canabinoides em comparação com um placebo.
Outro estudo de 2017 (Cannabis and Pain: A Clinical Review), mostrou os benefícios do THC para o controle da dor. O canabinoide provou ser eficaz no tratamento da dor em pacientes com câncer, AIDS e fibromialgia que desenvolveram resistência a outros tratamentos para a dor.
Neste estudo, os pesquisadores descobriram que a Cannabis modula a condução neural de sinais de dor mitigando a sensibilização e a inflamação através da ativação de receptores canabinoides que também são compatíveis com o THC.
O uso da Cannabis para fins medicinais é permitido no Brasil?
O uso da Cannabis para fins terapêuticos é permitido no Brasil desde 2016. Quatro anos depois, foi aprovada a importação de produtos com canabinoides pela ANVISA mediante uma prescrição médica. Atualmente, a RDC 660/2022 define os critérios e procedimentos para importação de produtos derivados de Cannabis de forma legal.
Atualmente, já são mais de 50 medicamentos à base de Cannabis aprovados para venda em farmácias e a lista de produtos importados pré-aprovada pela ANVISA já conta com mais de 300 itens.
Portanto, se você deseja começar um tratamento à base de Cannabis medicinal, você deve procurar um médico e mostrar seu interesse. Ele irá avaliar seu caso e fará uma prescrição da Cannabis para uso terapêutico se necessário.
Como conseguir prescrição para tratamento de dor com Cannabis?
Quando todos os tratamentos contra a dor falham – ou mesmo quando o paciente quer explorar mais opções para gerenciar sua dor – novas alternativas podem surgir. É nesse ponto que algumas pessoas optam pelo tratamento com Cannabis, tanto por seus benefícios sobre a dor quanto por provocar menos efeitos colaterais.
A forma correta de obter prescrição para o tratamento da dor é buscando a orientação de um profissional habilitado. Os profissionais do portal Cannabis e Saúde estão cientes da importância do papel da Cannabis no tratamento da dor e na melhoria da qualidade de vida de seus pacientes.
Com uma ampla experiência no ramo, estes profissionais estão prontos para te orientar sobre o que você precisa fazer para começar o seu tratamento de forma legal. Portanto, acesse nosso site e marque uma consulta com um de nossos profissionais hoje mesmo!
Para isso, basta apenas preencher o formulário online do médico escolhido, em seguida, você receberá um e-mail confirmando o agendamento da sua consulta.
Como comprar remédios à base de Cannabis?
A compra de fármacos à base de Cannabis, desde que haja uma prescrição de um profissional habilitado, é igual à de qualquer outro remédio controlado.
Desse modo, só é necessário comparecer a uma farmácia com duas vias da receita e fazer a aquisição normalmente – aqui é importante destacar que a farmácia vai reter uma das vias da prescrição.
No entanto, a oferta de medicamentos de Cannabis ainda é bastante restrita no Brasil ou mesmo muito cara, sendo o mais usual recorrer à importação. Nesse caso, basta seguir o processo que detalhamos nos tópicos abaixo.
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Prescrição médica
A aquisição de remédios à base de Cannabis começa na consulta médica, na qual o especialista indica o medicamento conforme as necessidades do paciente.
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Solicitação à ANVISA
Com a receita em mãos, um comprovante de residência e identidade, o comprador deve acessar o site da Anvisa para envio da documentação e preenchimento de um formulário de solicitação.
Uma vez que a solicitação for feita, é só aguardar pela resposta do órgão de vigilância sanitária, que deve chegar no prazo de, aproximadamente, 10 dias. Se o retorno for positivo, a autorização de importação é emitida.
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Compra e entrega
Você pode solicitar a importação do produto mediante receita médica e recebê-lo em casa.
Conclusão
O tratamento da dor pode ser complexo e, em alguns casos, nem sempre o paciente responde a estes tratamentos. Assim sendo, a Cannabis medicinal surge como uma possibilidade segura de controle da dor, já que não oferece os mesmos riscos dos fármacos.
Por isso, se você, algum amigo ou familiar sofre com dores, considere essa alternativa. E para continuar a par dos últimos avanços da medicina nos tratamentos com Cannabis, não deixe de acompanhar os conteúdos publicados aqui, no portal Cannabis & Saúde.